testeÉ uma questão de saúde pública a diminuição das infecções hospitalares. A prática da odontologia no ambiente hospitalar pode contribuir (e muito) nesse processo.
A odontologia hospitalar vem de encontro às necessidades da equipe multiprofissional, hoje, muito comum dentro da rede hospitalar. De acordo com os artigos 18, 19 e 20 do Código de Ética Odontológica, compete ao cirurgião-dentista internar e assistir paciente em hospitais públicos e privados, com e sem caráter filantrópico, respeitadas as normas técnico administrativas das instituições e as normas do Conselho Federal de Odontologia. Além disso, o CFO publicou Resoluções que tratam do exercício do profissional em âmbito hospitalar, em consonância com a legislação e normas dispostas pelo Conselho Federal de Medicina. O assunto é sério, a responsabilidade é grande e exige preparação adequada para que, de fato, haja benefício para o paciente.
Saúde bucal x infecções hospitalares
A revista Odonto Magazine procurou Tatiana Pegoretti Pintarelli, cirurgiã-dentista com aprimoramento profissional em Odontologia Hospitalar, especialista em Saúde Coletiva, mestre em Odontologia com ênfase em Saúde Bucal durante a infância e adolescência, cirurgiã-dentista da Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba-PR; e Paulo Sérgio da Silva Santos, diretor do Grupo de Estudo de Odontologia Hospitalar da Associação Paulista de Cirurgiões Dentistas – APCD e professor doutor do Departamento de Estomatologia da Faculdade de Odontologia de Bauru da Universidade de São Paulo – USP para responderem a seguinte pergunta: Como a Odontologia pode contribuir para a diminuição de infecções hospitalares?
Segundo Tatiana Pintarelli, a odontologia hospitalar é uma das áreas da saúde mais apta aos cuidados de biossegurança em consultório e do conhecimento de transmissibilidade de doença, por lidar com dois fluídos infectocontagiosos: sangue e saliva. Além disso, ressaltou que os profissionais estão habituados ao exercício de lavagem das mãos e a utilização de Equipamentos de Proteção Individual – EPIs entre os atendimentos. Assim, associando-se os hábitos de biossegurança em consultório aos preconizados pela Comissão de Controle de Infecção Hospitalar – CCIH, “a Odontologia pode exercer papel imprescindível na instalação, manutenção e prática nos cuidados diários de redução de infecções hospitalares”, explicou.
Entre algumas formas para redução das infecções hospitalares, Paulo Sérgio Santos destacou primeiramente a atuação na prevenção de infecções bucais que possam ter repercussões sistêmicas ou que possam levar a infecções nosocomiais, principalmente em pacientes imunossuprimidos ou em pacientes que serão submetidos à cirurgia ou tratamentos antineoplásicos, atradiagnóstico e tratamento de infecções oportunistas pré-existentes.
Outra situação importante acontece em pacientes internados em Unidades de Terapia Intensiva – UTI, onde a condição de intubação orotraqueal leva à redução da higiene oral convencional, aumentando drasticamente a quantidade de biofilme dental e lingual, facilitando a ocorrência de pneumonia nosocomial. Nesta condição, o professor Paulo destacou que é importante o papel do cirurgião-dentista por atuação direta na redução deste biofilme por meio de soluções antimicrobianas e dispositivos adequados, além da orientação e supervisão da equipe de enfermagem nos cuidados de higiene oral.
Em um terceiro momento, a redução de infecção hospitalar, pela ação da Odontologia, acontece na monitoração do aparecimento de infecções oportunistas em pacientes imunocomprometidosem diversas situações (quimioterapia, radioterapia, diabéticos descompensados, pós-operatórios extensos, imunossuprimidos por drogas em transplantes de órgãos e tecidos). “Nessas situações, o cirurgião-dentista tem a oportunidade de diagnosticar e tratar dessas infecções em parceria com as equipes médicas”, afirmou.
Responsabilidade: trabalho em equipe
Inicialmente, nos hospitais, o atendimento odontológico se restringia à especialidade de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial – CTBMF ou à realização de alguns procedimentos odontológicos sob anestesia geral. Hoje, a odontologia hospitalar ocorre no terceiro nível de atenção à saúde, caracterizado pelo atendimento em saúde bucal de pacientes internados ou sob tratamento em ambulatórios médicos especializados.
O atendimento odontológico hospitalar pressupõe o trabalho dos profissionais de saúde bucal em equipe multiprofissional. Os serviços hospitalares diferenciam-se entre si, pela dinâmica de trabalho e pacientes atendidos. Por isso, a equipe de saúde bucal precisa conhecer a dinâmica do serviço hospitalar.
A atuação da odontologia hospitalar estende-se em locais, como enfermaria, Unidade de Terapia Intensiva – UTI, centro cirúrgico, ambulatório e pronto atendimento, estando estes relacionados à condição clínica do paciente. “O ideal seria cada hospital ter um serviço de odontologia hospitalar ou, quando não o ter, saber para onde encaminhar”, explicou Tatiana Pintarelli. Para a cirurgiã-dentista, faz-se necessário ampliar e atualizar o conhecimento dos profissionais de saúde, especialmente os de saúde bucal, para a necessidade da prática da Odontologia em ambiente hospitalar. A capacitação da equipe médica-enfermagem ao trabalho de equipe é de extrema importância, já que não está acostumada a Odontologia no hospital.
No hospital, os pacientes selecionados para receberem atendimento odontológico podem ser:
- Pacientes com doenças mentais, disfunções neurológicas e/ou limitações motoras que não permitem o atendimento em ambulatório com uso de dispositivos de contenção devido à extensão do tratamento.
- Pacientes com discrasias sanguíneas que requerem retaguarda de equipe médica de hematologia.
- Pacientes que realizam reposição de fatores sanguíneos prévia ao procedimento odontológico com sangramento; hepatopatas e usuários de anticoagulantes orais ou sistêmicos.
- Pacientes cujo controle das doenças bucais é considerado relevante para o quadro geral de saúde durante o tratamento e controle da doença ou no pré e pós-operatório de cirurgia médica, como pacientes em tratamento radioterápico e/ou quimioterápico.
- Indivíduos que se submeterão à cirurgia cardíaca, renal, hepática, em hemodiálise ou diálise peritoneal ou com múltiplas doenças.
- Paciente com necessidade de se submeter a cirurgias eletivas de face, como as cirurgias ortognáticas e correção de fraturas decorrentes de traumas em face.
É comum o serviço odontológico hospitalar organizar agenda semanal para atender a demanda dos pacientes que permanecem internados ou necessitam da retaguarda hospitalar para atenção em saúde bucal.
Os procedimentos odontológicos mais realizados em ambiente hospitalar englobam os que atuam no controle de dor, sangramento e infecção, iniciando-se com os que envolvem sangramento (periodontia, cirurgias), reabilitação (próteses bucais convencionais e orofaciais), controle de dor orofacial, ortodontia para pacientes com fenda labiopalatina, dentre outros.
Estes procedimentos variam entre os centros hospitalares, se há ou não retaguarda de Centros de Especialidades Odontológicas – CEOs e da disponibilidade de equipamentos odontológicos e recursos humanos para as atribuições (cadeiras odontológicas e a presença de cirurgiões-dentistas, técnicos e auxiliares em saúde bucal).
Em geral, a complexidade dos serviços médicos hospitalares prestados relaciona-se a amplitude de atenção odontológica praticada, a exemplo do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (HC-FMUSP).
A prática da odontologia hospitalar envolve toda a equipe de saúde bucal: cirurgião-dentista, técnico em saúde bucal – TSB e auxiliar em saúde bucal – ASB. Em alguns hospitais, algumas funções de TSB e ASB são realizadas por auxiliares de enfermagem previamente treinados.
No entanto, com a necessidade da inclusão da equipe odontológica em ambiente hospitalar e a implantação da Lei nº 11.889/2008, a equipe auxiliar odontológica está apta a exercer suas atribuições em ambiente hospitalar e a integrar a equipe multiprofissional. Ao atuar em hospital, a equipe auxiliar atua sob as normas previstas na Comissão de Controle de Infecção Hospitalar – CCIH, sendo que cada instituição possui a sua comissão e também suas normas e manual de rotina.
A realização de consultas odontológicas eletivas pode se aplicar aos hospitais especializados, como alguns hospitais universitários, e se restringe aos pacientes que requerem retaguarda de equipe multiprofissional, por exemplo, Hospital das Clínicas, equipes pontuais como a que existe no Instituto do Sono – Unifesp ou na Odontogeriatria. Para os pacientes internados, solicita-se comumente interconsulta da equipe odontológica para avaliação bucal, orientação de higiene bucal e planejamento de procedimentos odontológicos no leito ou em ambulatório.
Segundo Tatiana Pintarelli, em alguns serviços, esta não é a rotina. A equipe odontológica é solicitada para avaliar pacientes com doenças sistêmicas com complicações bucais já instaladas, desde odontalgia até mau estado bucal (como raízes residuais).
Seja como for, todas as informações obtidas por meio dos exames extraoral e intraoral devem ser registradas na ficha de evolução do paciente. Havendo a necessidade de intervenção, o cirurgião-dentista discute com a equipe multiprofissional os cuidados prévios ao atendimento odontológico e decide a melhor oportunidade de intervenção.
Profissionais da odontologia na UTI
O Projeto de Lei nº 2.776/2008 estabelece a brigatoriedade da presença de profissionais de odontologia nas UTIs.
Em UTI, o paciente deve receber cuidados especiais e constantes, como o atendimento odontológico individualizado para a melhor sobrevida e prevenção de pneumonia por aspiração de conteúdo presente na boca e faringe. A redução do tempo de internação do paciente diminui custos, morbidade e mortalidade hospitalares.
Para atuação em UTI, os membros da equipe de saúde bucal devem receber treinamento adequado (principalmente relacionado à biossegurança) e conhecimento dos equipamentos utilizados ao lado do leito do paciente (como oxímetro, bomba de perfusão etc.). Normalmente cada serviço de odontologia elabora um protocolo de atendimento mais próximo de sua realidade. Neste protocolo devem constar as informações sistêmicas e bucais de cada paciente (por exemplo: valor de pressão arterial, medicações em uso, tempo de permanência na UTI, idade, grau de consciência, além de dados sobre o estado de saúde bucal atual e necessidades de tratamento) para ter uma avaliação geral da situação sistêmica do indivíduo.

Os profissionais da equipe de saúde bucal, como TSB e ASB, designados a acompanhar o cirurgião-dentista em centro cirúrgico devem receber treinamento adequado relacionado à biossegurança, manipulação dos materiais e instrumentação do cirurgião-dentista. A equipe auxiliar deve conhecer os instrumentos odontológicos (cirúrgicos, periodontais, restauradores) para instrumentar o cirurgião-dentista; preparar e testar o funcionamento dos equipamentos odontológicos a serem utilizados no ato operatório (motor de alta rotação, instrumento de profilaxia, aparelho fotopolimerizador de resinas, motores de implantes) e manipular materiais odontológicos para serem inseridos em cavidade bucal (por exemplo, resinas fotopolimerizáveis, amálgamas, cimentos forradores etc.). O conhecimento da sequência de procedimentos, também é importante. Ela se inicia pelos procedimentos não-cruentos, prossegue-se pelos cruentos. A remoção de cárie, que se torna endodontia, é direcionada para exodontia, principalmente devido às dificuldades de se fazer para endodontia em centro cirúrgico.
As questões de biossegurança devem ser mais rigorosas do que em consultório odontológico, uma vez que está se inserindo na realidade hospitalar, que é mais complexa e oferece maior risco de infecção devido ao grau de complicação dos casos. Manuais de conduta e protocolos são atualizados permanentemente, inclusive interferindo na prescrição de antibióticos, lavagem de mãos, etc.
Fonte: Odonto Magazine
É uma questão de saúde pública a diminuição das infecções hospitalares. A prática da odontologia no ambiente hospitalar pode contribuir (e muito) nesse processo.
A odontologia hospitalar vem de encontro às necessidades da equipe multiprofissional, hoje, muito comum dentro da rede hospitalar. De acordo com os artigos 18, 19 e 20 do Código de Ética Odontológica, compete ao cirurgião-dentista internar e assistir paciente em hospitais públicos e privados, com e sem caráter filantrópico, respeitadas as normas técnico administrativas das instituições e as normas do Conselho Federal de Odontologia. Além disso, o CFO publicou Resoluções que tratam do exercício do profissional em âmbito hospitalar, em consonância com a legislação e normas dispostas pelo Conselho Federal de Medicina. O assunto é sério, a responsabilidade é grande e exige preparação adequada para que, de fato, haja benefício para o paciente.
Saúde bucal x infecções hospitalares
A revista Odonto Magazine procurou Tatiana Pegoretti Pintarelli, cirurgiã-dentista com aprimoramento profissional em Odontologia Hospitalar, especialista em Saúde Coletiva, mestre em Odontologia com ênfase em Saúde Bucal durante a infância e adolescência, cirurgiã-dentista da Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba-PR; e Paulo Sérgio da Silva Santos, diretor do Grupo de Estudo de Odontologia Hospitalar da Associação Paulista de Cirurgiões Dentistas – APCD e professor doutor do Departamento de Estomatologia da Faculdade de Odontologia de Bauru da Universidade de São Paulo – USP para responderem a seguinte pergunta: Como a Odontologia pode contribuir para a diminuição de infecções hospitalares?
Segundo Tatiana Pintarelli, a odontologia hospitalar é uma das áreas da saúde mais apta aos cuidados de biossegurança em consultório e do conhecimento de transmissibilidade de doença, por lidar com dois fluídos infectocontagiosos: sangue e saliva. Além disso, ressaltou que os profissionais estão habituados ao exercício de lavagem das mãos e a utilização de Equipamentos de Proteção Individual – EPIs entre os atendimentos. Assim, associando-se os hábitos de biossegurança em consultório aos preconizados pela Comissão de Controle de Infecção Hospitalar – CCIH, “a Odontologia pode exercer papel imprescindível na instalação, manutenção e prática nos cuidados diários de redução de infecções hospitalares”, explicou.
Entre algumas formas para redução das infecções hospitalares, Paulo Sérgio Santos destacou primeiramente a atuação na prevenção de infecções bucais que possam ter repercussões sistêmicas ou que possam levar a infecções nosocomiais, principalmente em pacientes imunossuprimidos ou em pacientes que serão submetidos à cirurgia ou tratamentos antineoplásicos, atradiagnóstico e tratamento de infecções oportunistas pré-existentes.
Outra situação importante acontece em pacientes internados em Unidades de Terapia Intensiva – UTI, onde a condição de intubação orotraqueal leva à redução da higiene oral convencional, aumentando drasticamente a quantidade de biofilme dental e lingual, facilitando a ocorrência de pneumonia nosocomial. Nesta condição, o professor Paulo destacou que é importante o papel do cirurgião-dentista por atuação direta na redução deste biofilme por meio de soluções antimicrobianas e dispositivos adequados, além da orientação e supervisão da equipe de enfermagem nos cuidados de higiene oral.
Em um terceiro momento, a redução de infecção hospitalar, pela ação da Odontologia, acontece na monitoração do aparecimento de infecções oportunistas em pacientes imunocomprometidosem diversas situações (quimioterapia, radioterapia, diabéticos descompensados, pós-operatórios extensos, imunossuprimidos por drogas em transplantes de órgãos e tecidos). “Nessas situações, o cirurgião-dentista tem a oportunidade de diagnosticar e tratar dessas infecções em parceria com as equipes médicas”, afirmou.
Responsabilidade: trabalho em equipe
Inicialmente, nos hospitais, o atendimento odontológico se restringia à especialidade de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial – CTBMF ou à realização de alguns procedimentos odontológicos sob anestesia geral. Hoje, a odontologia hospitalar ocorre no terceiro nível de atenção à saúde, caracterizado pelo atendimento em saúde bucal de pacientes internados ou sob tratamento em ambulatórios médicos especializados.
O atendimento odontológico hospitalar pressupõe o trabalho dos profissionais de saúde bucal em equipe multiprofissional. Os serviços hospitalares diferenciam-se entre si, pela dinâmica de trabalho e pacientes atendidos. Por isso, a equipe de saúde bucal precisa conhecer a dinâmica do serviço hospitalar.
A atuação da odontologia hospitalar estende-se em locais, como enfermaria, Unidade de Terapia Intensiva – UTI, centro cirúrgico, ambulatório e pronto atendimento, estando estes relacionados à condição clínica do paciente. “O ideal seria cada hospital ter um serviço de odontologia hospitalar ou, quando não o ter, saber para onde encaminhar”, explicou Tatiana Pintarelli. Para a cirurgiã-dentista, faz-se necessário ampliar e atualizar o conhecimento dos profissionais de saúde, especialmente os de saúde bucal, para a necessidade da prática da Odontologia em ambiente hospitalar. A capacitação da equipe médica-enfermagem ao trabalho de equipe é de extrema importância, já que não está acostumada a Odontologia no hospital.
No hospital, os pacientes selecionados para receberem atendimento odontológico podem ser:
- Pacientes com doenças mentais, disfunções neurológicas e/ou limitações motoras que não permitem o atendimento em ambulatório com uso de dispositivos de contenção devido à extensão do tratamento.
- Pacientes com discrasias sanguíneas que requerem retaguarda de equipe médica de hematologia.
- Pacientes que realizam reposição de fatores sanguíneos prévia ao procedimento odontológico com sangramento; hepatopatas e usuários de anticoagulantes orais ou sistêmicos.
- Pacientes cujo controle das doenças bucais é considerado relevante para o quadro geral de saúde durante o tratamento e controle da doença ou no pré e pós-operatório de cirurgia médica, como pacientes em tratamento radioterápico e/ou quimioterápico.
- Indivíduos que se submeterão à cirurgia cardíaca, renal, hepática, em hemodiálise ou diálise peritoneal ou com múltiplas doenças.
- Paciente com necessidade de se submeter a cirurgias eletivas de face, como as cirurgias ortognáticas e correção de fraturas decorrentes de traumas em face.
É comum o serviço odontológico hospitalar organizar agenda semanal para atender a demanda dos pacientes que permanecem internados ou necessitam da retaguarda hospitalar para atenção em saúde bucal.
Os procedimentos odontológicos mais realizados em ambiente hospitalar englobam os que atuam no controle de dor, sangramento e infecção, iniciando-se com os que envolvem sangramento (periodontia, cirurgias), reabilitação (próteses bucais convencionais e orofaciais), controle de dor orofacial, ortodontia para pacientes com fenda labiopalatina, dentre outros.
Estes procedimentos variam entre os centros hospitalares, se há ou não retaguarda de Centros de Especialidades Odontológicas – CEOs e da disponibilidade de equipamentos odontológicos e recursos humanos para as atribuições (cadeiras odontológicas e a presença de cirurgiões-dentistas, técnicos e auxiliares em saúde bucal).
Em geral, a complexidade dos serviços médicos hospitalares prestados relaciona-se a amplitude de atenção odontológica praticada, a exemplo do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (HC-FMUSP).
A prática da odontologia hospitalar envolve toda a equipe de saúde bucal: cirurgião-dentista, técnico em saúde bucal – TSB e auxiliar em saúde bucal – ASB. Em alguns hospitais, algumas funções de TSB e ASB são realizadas por auxiliares de enfermagem previamente treinados.
No entanto, com a necessidade da inclusão da equipe odontológica em ambiente hospitalar e a implantação da Lei nº 11.889/2008, a equipe auxiliar odontológica está apta a exercer suas atribuições em ambiente hospitalar e a integrar a equipe multiprofissional. Ao atuar em hospital, a equipe auxiliar atua sob as normas previstas na Comissão de Controle de Infecção Hospitalar – CCIH, sendo que cada instituição possui a sua comissão e também suas normas e manual de rotina.
A realização de consultas odontológicas eletivas pode se aplicar aos hospitais especializados, como alguns hospitais universitários, e se restringe aos pacientes que requerem retaguarda de equipe multiprofissional, por exemplo, Hospital das Clínicas, equipes pontuais como a que existe no Instituto do Sono – Unifesp ou na Odontogeriatria. Para os pacientes internados, solicita-se comumente interconsulta da equipe odontológica para avaliação bucal, orientação de higiene bucal e planejamento de procedimentos odontológicos no leito ou em ambulatório.
Segundo Tatiana Pintarelli, em alguns serviços, esta não é a rotina. A equipe odontológica é solicitada para avaliar pacientes com doenças sistêmicas com complicações bucais já instaladas, desde odontalgia até mau estado bucal (como raízes residuais).
Seja como for, todas as informações obtidas por meio dos exames extraoral e intraoral devem ser registradas na ficha de evolução do paciente. Havendo a necessidade de intervenção, o cirurgião-dentista discute com a equipe multiprofissional os cuidados prévios ao atendimento odontológico e decide a melhor oportunidade de intervenção.
Profissionais da odontologia na UTI
O Projeto de Lei nº 2.776/2008 estabelece a brigatoriedade da presença de profissionais de odontologia nas UTIs.
Em UTI, o paciente deve receber cuidados especiais e constantes, como o atendimento odontológico individualizado para a melhor sobrevida e prevenção de pneumonia por aspiração de conteúdo presente na boca e faringe. A redução do tempo de internação do paciente diminui custos, morbidade e mortalidade hospitalares.
Para atuação em UTI, os membros da equipe de saúde bucal devem receber treinamento adequado (principalmente relacionado à biossegurança) e conhecimento dos equipamentos utilizados ao lado do leito do paciente (como oxímetro, bomba de perfusão etc.). Normalmente cada serviço de odontologia elabora um protocolo de atendimento mais próximo de sua realidade. Neste protocolo devem constar as informações sistêmicas e bucais de cada paciente (por exemplo: valor de pressão arterial, medicações em uso, tempo de permanência na UTI, idade, grau de consciência, além de dados sobre o estado de saúde bucal atual e necessidades de tratamento) para ter uma avaliação geral da situação sistêmica do indivíduo.

Os profissionais da equipe de saúde bucal, como TSB e ASB, designados a acompanhar o cirurgião-dentista em centro cirúrgico devem receber treinamento adequado relacionado à biossegurança, manipulação dos materiais e instrumentação do cirurgião-dentista. A equipe auxiliar deve conhecer os instrumentos odontológicos (cirúrgicos, periodontais, restauradores) para instrumentar o cirurgião-dentista; preparar e testar o funcionamento dos equipamentos odontológicos a serem utilizados no ato operatório (motor de alta rotação, instrumento de profilaxia, aparelho fotopolimerizador de resinas, motores de implantes) e manipular materiais odontológicos para serem inseridos em cavidade bucal (por exemplo, resinas fotopolimerizáveis, amálgamas, cimentos forradores etc.). O conhecimento da sequência de procedimentos, também é importante. Ela se inicia pelos procedimentos não-cruentos, prossegue-se pelos cruentos. A remoção de cárie, que se torna endodontia, é direcionada para exodontia, principalmente devido às dificuldades de se fazer para endodontia em centro cirúrgico.
As questões de biossegurança devem ser mais rigorosas do que em consultório odontológico, uma vez que está se inserindo na realidade hospitalar, que é mais complexa e oferece maior risco de infecção devido ao grau de complicação dos casos. Manuais de conduta e protocolos são atualizados permanentemente, inclusive interferindo na prescrição de antibióticos, lavagem de mãos, etc.
Fonte: Odonto Magazine