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9/5/2025
 
Artigo

- Periodontia
Periodontia e parto prematuro

teste

Estudos indicam a possível relação entre doenças periodontais em gestantes e o nascimento de crianças prematuras de baixo peso

O nascimento de crianças pre-maturas com baixo peso é uma das principais causas de mortali-dade perinatal. Segundo a Orga-nização Mundial de Saúde, 10% de todos os nascimentos podem ser incluídos nessa categoria. A OMS considera como de baixo peso as crianças que nascem com pesando 2,5 kg ou menos e prematuras as provenientes de uma gestação inferior a 37 semanas.

O continente com maior índice de crianças com baixo peso é a Ásia, onde o problema atinge 15% dos recém-nascidos. Em segundo lugar encontram-se empatados África e América do Sul, com 11% de recém-nascidos com menos de 2,5 kg, apresentando uma média de peso em torno de 3 kg.

O parto prematuro pode ocorrer por diversos motivos. As razões podem ser infecções, inflamações, hemorragias ou até mesmo o fato dos processos fisiológicos normais acontecerem cedo demais. Alguns autores passaram a incluir entre os agravantes para um parto prematuro a existência de doenças periodontais em gestantes, o que tem gerado bastante discussão e chamado a atenção de pesquisadores do mundo todo.

Onde tudo começou

O primeiro estudo a relacionar a doença periodontal em gestantes com a ocorrência de parto prematuro de crianças de baixo peso foi publicado em 1994 por Collins et al., que mostrava as conseqüências de uma infecção por P. gingivalis na gravidez de hamsters. O resultado do experimento foi um aumento no número de mortes fetais e a redução em cerca de 20% do peso dos filhotes ao nascerem.


Bactéria P.gingivalis

Porém, os estudos mais famosos são os de Steven Offenbacher, um dos grandes nomes da Periodontia. Em seus estudos, que tiveram início em 1996, Offenbacher, junto com outros pesquisadores, examinou mulheres grávidas e concluiu que os bebês prematuros de baixo peso eram em sua grande maioria provenientes de mães portadoras de doenças periodontais. A explicação dada por Offenbacher e seus companheiros de pesquisa é de que alguns patógenos gram-negativos, ao se associarem com alguns mediadores inflamatórios maternos poderiam prejudicar o desenvolvimento do feto.

Doença periodontal e gravidez

As doenças periodontais serviriam como fator de risco para um parto prematuro, pois os produtos bacterianos provenientes das bactérias gram-negativas estimulariam a produção de citocinas – como as interleucinas – e, ao aumentarem a produção de prostaglandinas, levariam ao parto prematuro. Portanto, as infecções periodontais serviriam como um reservatório para organismos que poderiam representar uma ameaça à placenta.

Segundo uma pesquisa realizada na Universidade de Aarhus, na Dinamarca, as gestantes com doenças periodontais possuem 4,8 vezes mais chance de ter um parto prematuro quando comparadas às gestantes sem esse problema bucal.

As doenças periodontais serviriam como fator de risco assim como outra infecção qualquer a partir do momento que as substâncias inflamatórias provenientes dessas infecções podem invadir a corrente sangüínea e potencializar inflamações em diferentes áreas do corpo, comprometendo a saúde geral da pessoa.

A doença periodontal também poderia influir diretamente no nascimento de crianças com peso inferior a 2,5 kg: uma saúde bucal debilitada pode gerar uma diminuição nutricional da gestante e, consequentemente, do feto.

O mais indicado em todos os casos é a manutenção de uma boa saúde bucal, já que a gestante pode tranquilamente continuar com seu tratamento odontológico durante a gravidez.

Pesquisas duvidosas

O assunto vem sendo fruto de muitas pesquisas e artigos científicos. Os resultados são bastante diversificados: uns consideram a teoria positiva enquanto outros negativa. A maioria das pesquisas apontam para uma certa influência das doenças periodontais no parto prematuro de crianças de baixo peso, mas há quem defenda a ausência de uma relação direta entre um fato e outro, ou diga que a relação é muito vaga.

A polêmica estaria nos métodos empregados pelos pesquisadores para chegar à conclusão da influência da doença periodontal no parto prematuro.

Algumas pesquisas teriam sido feitas através de uma análise univariada, ignorando outras variáveis que também poderiam levar ao mesmo resultado: um parto prematuro a um recém-nascido de baixo peso. Seria errôneo afirmar que uma gravidez inferior a 37 semanas foi causada por uma periodontite, ou que as mães portadoras de problemas periodontais tiveram um número maior de partos prematuros sem levar em conta outros fatores como idade, peso, presença ou não de diabetes gestacional e tabagismo – fatores esses que também podem ocasionar um parto prematuro.

Também não se pode tirar conclusões gerais baseando-se apenas na análise de um pequeno grupo. Por exemplo, uma pesquisa realizada com um determinado número de pessoas de uma determinada região não pode ser tomada como padrão para toda a população mundial.

Esses pesquisadores não ignoram a relação entre a periodontite e o parto prematuro de crianças de baixo peso, mas acham que ainda é cedo para chegar a uma conclusão e que são necessárias mais pesquisas e mais aprofundadas.

A contribuição brasileira

O Brasil, como vários outros países, tem investido em pesquisas nessa área. Entre as pesquisas e projetos realizados, podemos citar um projeto da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS). O projeto, entitulado “Doença periodontal materna e nascimentos prematuros e/ou de baixo peso: um estudo caso-controle em Alagoinhas - Bahia”, tem o apoio da FAPESB – Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado da Bahia.

Trata-se de um projeto de mestrado que busca oferecer tratamento odontológico a gestantes portadoras de doenças periodontais a fim de combater o parto prematuro. As gestantes, ao procurarem as unidades públicas de saúde em Feira de Santana, seriam encaminhadas à Clínica Odontológica da UEFS para receberem tratamento gratuito.

O projeto tem orientação do Prof. Dr. Isaac Suzart e terá sua conclusão no segundo semestre de 2007. A estimativa de Isaac Suzart é que tenham passado pela Clínica Odontológica da universidade uma média de 300 gestantes e que o número de partos prematuros sofra um decréscimo, mesmo sabendo que suas causas vão além da doença periodontal.

Pesquisas como essa realizada na Bahia buscam esclarecer esse tema que causa tanta polêmica e, o mais importante, combater ao parto prematuro de crianças de baixo peso, um dos principais responsáveis pela mortalidade infantil.

Estudos indicam a possível relação entre doenças periodontais em gestantes e o nascimento de crianças prematuras de baixo peso

O nascimento de crianças pre-maturas com baixo peso é uma das principais causas de mortali-dade perinatal. Segundo a Orga-nização Mundial de Saúde, 10% de todos os nascimentos podem ser incluídos nessa categoria. A OMS considera como de baixo peso as crianças que nascem com pesando 2,5 kg ou menos e prematuras as provenientes de uma gestação inferior a 37 semanas.

O continente com maior índice de crianças com baixo peso é a Ásia, onde o problema atinge 15% dos recém-nascidos. Em segundo lugar encontram-se empatados África e América do Sul, com 11% de recém-nascidos com menos de 2,5 kg, apresentando uma média de peso em torno de 3 kg.

O parto prematuro pode ocorrer por diversos motivos. As razões podem ser infecções, inflamações, hemorragias ou até mesmo o fato dos processos fisiológicos normais acontecerem cedo demais. Alguns autores passaram a incluir entre os agravantes para um parto prematuro a existência de doenças periodontais em gestantes, o que tem gerado bastante discussão e chamado a atenção de pesquisadores do mundo todo.

Onde tudo começou

O primeiro estudo a relacionar a doença periodontal em gestantes com a ocorrência de parto prematuro de crianças de baixo peso foi publicado em 1994 por Collins et al., que mostrava as conseqüências de uma infecção por P. gingivalis na gravidez de hamsters. O resultado do experimento foi um aumento no número de mortes fetais e a redução em cerca de 20% do peso dos filhotes ao nascerem.


Bactéria P.gingivalis

Porém, os estudos mais famosos são os de Steven Offenbacher, um dos grandes nomes da Periodontia. Em seus estudos, que tiveram início em 1996, Offenbacher, junto com outros pesquisadores, examinou mulheres grávidas e concluiu que os bebês prematuros de baixo peso eram em sua grande maioria provenientes de mães portadoras de doenças periodontais. A explicação dada por Offenbacher e seus companheiros de pesquisa é de que alguns patógenos gram-negativos, ao se associarem com alguns mediadores inflamatórios maternos poderiam prejudicar o desenvolvimento do feto.

Doença periodontal e gravidez

As doenças periodontais serviriam como fator de risco para um parto prematuro, pois os produtos bacterianos provenientes das bactérias gram-negativas estimulariam a produção de citocinas – como as interleucinas – e, ao aumentarem a produção de prostaglandinas, levariam ao parto prematuro. Portanto, as infecções periodontais serviriam como um reservatório para organismos que poderiam representar uma ameaça à placenta.

Segundo uma pesquisa realizada na Universidade de Aarhus, na Dinamarca, as gestantes com doenças periodontais possuem 4,8 vezes mais chance de ter um parto prematuro quando comparadas às gestantes sem esse problema bucal.

As doenças periodontais serviriam como fator de risco assim como outra infecção qualquer a partir do momento que as substâncias inflamatórias provenientes dessas infecções podem invadir a corrente sangüínea e potencializar inflamações em diferentes áreas do corpo, comprometendo a saúde geral da pessoa.

A doença periodontal também poderia influir diretamente no nascimento de crianças com peso inferior a 2,5 kg: uma saúde bucal debilitada pode gerar uma diminuição nutricional da gestante e, consequentemente, do feto.

O mais indicado em todos os casos é a manutenção de uma boa saúde bucal, já que a gestante pode tranquilamente continuar com seu tratamento odontológico durante a gravidez.

Pesquisas duvidosas

O assunto vem sendo fruto de muitas pesquisas e artigos científicos. Os resultados são bastante diversificados: uns consideram a teoria positiva enquanto outros negativa. A maioria das pesquisas apontam para uma certa influência das doenças periodontais no parto prematuro de crianças de baixo peso, mas há quem defenda a ausência de uma relação direta entre um fato e outro, ou diga que a relação é muito vaga.

A polêmica estaria nos métodos empregados pelos pesquisadores para chegar à conclusão da influência da doença periodontal no parto prematuro.

Algumas pesquisas teriam sido feitas através de uma análise univariada, ignorando outras variáveis que também poderiam levar ao mesmo resultado: um parto prematuro a um recém-nascido de baixo peso. Seria errôneo afirmar que uma gravidez inferior a 37 semanas foi causada por uma periodontite, ou que as mães portadoras de problemas periodontais tiveram um número maior de partos prematuros sem levar em conta outros fatores como idade, peso, presença ou não de diabetes gestacional e tabagismo – fatores esses que também podem ocasionar um parto prematuro.

Também não se pode tirar conclusões gerais baseando-se apenas na análise de um pequeno grupo. Por exemplo, uma pesquisa realizada com um determinado número de pessoas de uma determinada região não pode ser tomada como padrão para toda a população mundial.

Esses pesquisadores não ignoram a relação entre a periodontite e o parto prematuro de crianças de baixo peso, mas acham que ainda é cedo para chegar a uma conclusão e que são necessárias mais pesquisas e mais aprofundadas.

A contribuição brasileira

O Brasil, como vários outros países, tem investido em pesquisas nessa área. Entre as pesquisas e projetos realizados, podemos citar um projeto da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS). O projeto, entitulado “Doença periodontal materna e nascimentos prematuros e/ou de baixo peso: um estudo caso-controle em Alagoinhas - Bahia”, tem o apoio da FAPESB – Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado da Bahia.

Trata-se de um projeto de mestrado que busca oferecer tratamento odontológico a gestantes portadoras de doenças periodontais a fim de combater o parto prematuro. As gestantes, ao procurarem as unidades públicas de saúde em Feira de Santana, seriam encaminhadas à Clínica Odontológica da UEFS para receberem tratamento gratuito.

O projeto tem orientação do Prof. Dr. Isaac Suzart e terá sua conclusão no segundo semestre de 2007. A estimativa de Isaac Suzart é que tenham passado pela Clínica Odontológica da universidade uma média de 300 gestantes e que o número de partos prematuros sofra um decréscimo, mesmo sabendo que suas causas vão além da doença periodontal.

Pesquisas como essa realizada na Bahia buscam esclarecer esse tema que causa tanta polêmica e, o mais importante, combater ao parto prematuro de crianças de baixo peso, um dos principais responsáveis pela mortalidade infantil.

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