testeEncontro Internacional em Lyon, França, sela parceria entre dentistas de Ribeirão e a Interpol
Sete de fevereiro de 1979. O corpo de um homem afogado é encontrado em Bertioga, litoral paulista. A polícia civil, burocraticamente, inicia as investigações.
O tempo passa, surgem especulações, depoimentos de testemunhas são tomados. O caso, paulatinamente, vai ganhando importância. Até dominar as primeiras páginas dos jornais do mundo. Suspeitava-se que o corpo era de Josef Mengele, um dos nazistas mais procurados no planeta, inclusive pelo Mossad, serviço de inteligência de Israel.
Entre os nazistas que ainda não haviam sido localizados, capturados e julgados no fim da década de 1970, figurava Mengele, conhecido com o “Anjo da Morte”.
Durante a 2ª Guerra Mundial, ele teria participado de experiências cruéis como chefe de enfermaria do campo de concentração de Birkenau, parte do complexo de Auschwitz.
No final da guerra, refugiou-se na Argentina, para onde foram vários de seus companheiros, como Adolf Eichmann. Na sua rota de fuga, para despistar os ‘caçadores” de nazistas, Mengele teria vivido no Paraguai, antes de chegar ao Brasil. Escolheu a discrição de Bertioga, um lugar pouco procurado. Passava-se por caiçara e gostava de pescar.
Ávidos por informações sobre o provável corpo de Mengele, os “caçadores” de nazistas, chefiados por Simon Wiesenthal, chegaram ao Brasil, assim como dezenas de jornalistas estrangeiros.
Vitória brasileira
Para orgulho da Odontologia Legal brasileira, a identificação do corpo de Josef Mengele só foi possível através de exames detalhados em sua arcada dentária. O parecer da nossa Odontologia Legal saiu pronto e definitivo para ser comprovado por peritos europeus.

Mengele, que segundo a polícia teria se suicidado, foi identificado por “defeitos nos dentes superiores anteriores”, comprovados com sua ficha odontológica.
A Odontologia Legal também teve participação decisiva na identificação da maioria das 199 vítimas carbonizadas do acidente do avião da TAM que caiu em Congonhas, em julho de 2007, procedente de Porto Alegre.
500 entre 240 mil
A vida de odontologista legal - ou odontolegista - não deve ser fácil. Dos 240 mil profissionais registrados no Conselho Federal de Odontologia, apenas 500 exercem a função. Os salários variam, dependendo do local de trabalho (Polícia Federal ou Polícia Civil) e o Estado. Mas, em geral, variam entre R$ 5 mil a R$ 14 mil.
O cirurgião-dentista que se especializa na Odontologia Legal tem quatro áreas de atuação, com várias funções em cada uma delas. Divide-se em Criminal, Cível, Trabalhista e Sede Administriva.
Criminal
A Criminal atua na identificação humana, na averiguação de corpos em estado adiantado de decomposição ou “esqueletos”. E também na Traumatologia Forense, por meio da análise de lesões em face e boca, realizadas por profissionais em IMLs (Instituto Médico Legal), com a apuração de exames como corpo de delito.
O segundo é na área civil, onde o mais comum é atuar como perito judicial nomeado para avaliação de danos odontológicos, sejam decorrentes de tratamentos mal executados ou por alguma outra motivação, como acidentes.
O resultado é encaminhado ao juiz, por meio de um laudo, para averiguação de responsabilidades.

Trabalhista
A terceira, na área trabalhista, o perito é indicado pelo juiz do Trabalho para avaliar danos acidentais envolvendo boca, face ou dentes durante o horário de trabalho ou decorrente de atividades relacionadas ao trabalho.
O quarto campo abrange a perícia administrativa, conhecidas como auditorias, cabendo ao especialista avaliar se os planos de tratamentos contratados são compatíveis com o tratamento ou com os padrões oferecidos pelo convênio.
USP une-se à Interpol
Apesar do número reduzido de profissionais, a Odontologia Legal brasileira é bem conceituada. Quem garante é o professor Ricardo Henrique Alves da Silva, docente responsável pela área de Odontologia Forense da Faculdade de Odontologia da USP de Ribeirão Preto.
“A odontologia brasileira é bastante respeitada no mundo. Com a Odontologia Legal não poderia ser diferente. Temos bons profissionais e, inclusive, participamos de uma reunião, congregando profissionais de diversas partes do planeta, no final de Maio, na sede da Interpol, em Lyon, na França, para discutir sobre o tema IVD - Identificação de Vítimas de Desastres”, explicou.
É que no ano passado, foi realizado em Ribeirão, um programa de treinamento com peritos de várias partes do Brasil, inclusive da Polícia Federal, que culminou com a elaboração de um manual para Identificação de Vítimas de Desastres. Agora, o trabalho será apresentado em Lyon, para ser melhorado e reaplicado em futuros cursos.
“Vamos tratar com profissionais o aprimoramento do nosso manual de trabalho, no sentido de atingir os padrões estabelecidos pela Interpol. Em Lyon, também discutimos protocolos e casos relativos a Identificação de Vítimas de Desastre, além de apresentarmos a estrutura de um treinamento para peritos da área de Odontologia, voltado para Identificação de Vítimas de Desastres, a ser ministrado na Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto-USP, por meio de parceria entre a Faculdade e a Polícia Federal”.
Outros dois convidados que estiveram em Lyon, além do professor Ricardo. Um perito criminal da PF de Brasília (Carlos Eduardo Palhares Machado) e um Perito Odontolegista de Fortaleza (Tácio Pinheiro Bezerra).
Fonte: A Cidade
Encontro Internacional em Lyon, França, sela parceria entre dentistas de Ribeirão e a Interpol
Sete de fevereiro de 1979. O corpo de um homem afogado é encontrado em Bertioga, litoral paulista. A polícia civil, burocraticamente, inicia as investigações.
O tempo passa, surgem especulações, depoimentos de testemunhas são tomados. O caso, paulatinamente, vai ganhando importância. Até dominar as primeiras páginas dos jornais do mundo. Suspeitava-se que o corpo era de Josef Mengele, um dos nazistas mais procurados no planeta, inclusive pelo Mossad, serviço de inteligência de Israel.
Entre os nazistas que ainda não haviam sido localizados, capturados e julgados no fim da década de 1970, figurava Mengele, conhecido com o “Anjo da Morte”.
Durante a 2ª Guerra Mundial, ele teria participado de experiências cruéis como chefe de enfermaria do campo de concentração de Birkenau, parte do complexo de Auschwitz.
No final da guerra, refugiou-se na Argentina, para onde foram vários de seus companheiros, como Adolf Eichmann. Na sua rota de fuga, para despistar os ‘caçadores” de nazistas, Mengele teria vivido no Paraguai, antes de chegar ao Brasil. Escolheu a discrição de Bertioga, um lugar pouco procurado. Passava-se por caiçara e gostava de pescar.
Ávidos por informações sobre o provável corpo de Mengele, os “caçadores” de nazistas, chefiados por Simon Wiesenthal, chegaram ao Brasil, assim como dezenas de jornalistas estrangeiros.
Vitória brasileira
Para orgulho da Odontologia Legal brasileira, a identificação do corpo de Josef Mengele só foi possível através de exames detalhados em sua arcada dentária. O parecer da nossa Odontologia Legal saiu pronto e definitivo para ser comprovado por peritos europeus.

Mengele, que segundo a polícia teria se suicidado, foi identificado por “defeitos nos dentes superiores anteriores”, comprovados com sua ficha odontológica.
A Odontologia Legal também teve participação decisiva na identificação da maioria das 199 vítimas carbonizadas do acidente do avião da TAM que caiu em Congonhas, em julho de 2007, procedente de Porto Alegre.
500 entre 240 mil
A vida de odontologista legal - ou odontolegista - não deve ser fácil. Dos 240 mil profissionais registrados no Conselho Federal de Odontologia, apenas 500 exercem a função. Os salários variam, dependendo do local de trabalho (Polícia Federal ou Polícia Civil) e o Estado. Mas, em geral, variam entre R$ 5 mil a R$ 14 mil.
O cirurgião-dentista que se especializa na Odontologia Legal tem quatro áreas de atuação, com várias funções em cada uma delas. Divide-se em Criminal, Cível, Trabalhista e Sede Administriva.
Criminal
A Criminal atua na identificação humana, na averiguação de corpos em estado adiantado de decomposição ou “esqueletos”. E também na Traumatologia Forense, por meio da análise de lesões em face e boca, realizadas por profissionais em IMLs (Instituto Médico Legal), com a apuração de exames como corpo de delito.
O segundo é na área civil, onde o mais comum é atuar como perito judicial nomeado para avaliação de danos odontológicos, sejam decorrentes de tratamentos mal executados ou por alguma outra motivação, como acidentes.
O resultado é encaminhado ao juiz, por meio de um laudo, para averiguação de responsabilidades.

Trabalhista
A terceira, na área trabalhista, o perito é indicado pelo juiz do Trabalho para avaliar danos acidentais envolvendo boca, face ou dentes durante o horário de trabalho ou decorrente de atividades relacionadas ao trabalho.
O quarto campo abrange a perícia administrativa, conhecidas como auditorias, cabendo ao especialista avaliar se os planos de tratamentos contratados são compatíveis com o tratamento ou com os padrões oferecidos pelo convênio.
USP une-se à Interpol
Apesar do número reduzido de profissionais, a Odontologia Legal brasileira é bem conceituada. Quem garante é o professor Ricardo Henrique Alves da Silva, docente responsável pela área de Odontologia Forense da Faculdade de Odontologia da USP de Ribeirão Preto.
“A odontologia brasileira é bastante respeitada no mundo. Com a Odontologia Legal não poderia ser diferente. Temos bons profissionais e, inclusive, participamos de uma reunião, congregando profissionais de diversas partes do planeta, no final de Maio, na sede da Interpol, em Lyon, na França, para discutir sobre o tema IVD - Identificação de Vítimas de Desastres”, explicou.
É que no ano passado, foi realizado em Ribeirão, um programa de treinamento com peritos de várias partes do Brasil, inclusive da Polícia Federal, que culminou com a elaboração de um manual para Identificação de Vítimas de Desastres. Agora, o trabalho será apresentado em Lyon, para ser melhorado e reaplicado em futuros cursos.
“Vamos tratar com profissionais o aprimoramento do nosso manual de trabalho, no sentido de atingir os padrões estabelecidos pela Interpol. Em Lyon, também discutimos protocolos e casos relativos a Identificação de Vítimas de Desastre, além de apresentarmos a estrutura de um treinamento para peritos da área de Odontologia, voltado para Identificação de Vítimas de Desastres, a ser ministrado na Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto-USP, por meio de parceria entre a Faculdade e a Polícia Federal”.
Outros dois convidados que estiveram em Lyon, além do professor Ricardo. Um perito criminal da PF de Brasília (Carlos Eduardo Palhares Machado) e um Perito Odontolegista de Fortaleza (Tácio Pinheiro Bezerra).
Fonte: A Cidade