testeClínica para pacientes especiais inspirou criação de extensão universitária. Crianças representam maior parte dos pacientes atendidos pelo serviço.
Não saber onde encontrar atendimento especializado para crianças com necessidades especiais é a realidade de muitos pais na Paraíba. A constatação é do cirurgião dentista Renato Carvalho, um dos responsáveis pelo consultório para pacientes com necessidades especiais do CEO da Torre, na Zona Norte de João Pessoa, que convive diariamente com esse problema. "Não deve ser fácil ser pai e mãe de uma criança especial e além de tudo você não ter um atendimento de referência, um lugar que possa fazer pelo menos um exame clínico, é complicado", comenta Carvalho.
Assim como o cirurgião dentista, os estudantes do curso de odontologia da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Marcos Souza, Petrônio Brandão e Yane Oliveira perceberam a importância desse tipo de atendimento e sentiram a necessidade de uma disciplina que abordasse o tema com mais profundidade ainda na graduação. Durante uma visita de reconhecimento no CEO da Torre, os estudantes encontraram Renato Carvalho e juntos deram início a uma parceria que evoluiu para um projeto de extensão universitária.
"É uma realidade meio pesada, eu já ouvi o depoimento da mãe de um paciente meu, dela olhar para mim e dizer: 'doutor eu lhe agradeço por ter atendido o meu filho, porque os outros dentistas tinham medo até de tocar nele'. É preciso a população saber que esse serviço existe, que isso aqui funciona, lógico, tem seus defeitos, mas o normal é que a gente tem um atendimento muito tranquilo, dificilmente falta material. Para um serviço público, é um serviço muito bom", pontuou Renato Carvalho.
O serviço a que o cirurgião dentista se refere é oferecido pela Prefeitura Municipal de João Pessoa, mas a demanda é tanta, que Carvalho e sua equipe atendem pacientes com necessidades especiais de todo o estado da Paraíba, durante quatro vezes por semana. De acordo com o odontólogo, aproximadamente 50% dos pacientes atendidos pelo consultório instalado no CEO da Torre são crianças.
"Por dia, temos uma demanda limitada de pacientes. São agendados quatro por turno, sendo que normalmente aparece uma urgência e aqui temos um serviço de urgência, então sempre deixamos essa brecha para atender um extra, caso apareça. Como atendemos quatro vezes por semana, dá um total de 16 pacientes por semana, por mês esse número chega aos 64 pacientes, aproximadamente", informou.
Início do projeto
O encontro entre Renato Carvalho e os estudantes da UFPB resultou no projeto 'Atendimento Odontológico para Pacientes Especiais no CEO -Torre' e começou quando Marcos Souza e Petrônio Brandão fizeram uma visita de reconhecimento na unidade de saúde e pediram para conhecer o consultório destinado ao atendimento de pacientes com necessidades especiais. Encantados com o serviço, os estudantes decidiram criar o projeto de extensão, que foi posteriormente submetido na universidade e após quatro meses foi aceito pela Secretaria Municipal de Saúde de João Pessoa e também pela UFPB.
"Eu estava trabalhando e eles chegaram para fazer uma pesquisa, eles não tinham muito conhecimento do que era essa especialização com crianças especiais e começaram a ver o atendimento. Daí eles foram ficando e estamos juntos há dois anos e pouco. Trabalhar com eles é maravilhoso, tem dias que se não fosse por eles eu não conseguiria atender", disse Carvalho.
Para o estudante do 5º período de odontologia da UFPB, Marcos Souza, participar do projeto é importante, não apenas pela qualificação acadêmica, mas também pela vivência com os pacientes e experiências em campo.
"No projeto eu tenho oportunidade de vivenciar uma rotina diferente do consultório odontológico, que na universidade não temos tão fortemente. Vivenciar as reações de cada paciente e poder devolver para eles toda essa experiência, agilizando e humanizando o tratamento, é a grande recompensa. Quando recebemos um sorriso ou um abraço caloroso de agradecimento é o pagamento mais justo", disse Marcos Souza.

Requisitos e demanda
Para que as crianças ou usuários adultos com necessidades especiais sejam atendidos é preciso preencher alguns requisitos, conforme explicou Renato Carvalho. Segundo ele, é necessário que o paciente tenha um CID (Código Internacional de Doenças) fornecido por algum médico, seja neurologista ou psiquiatra, que enquadre o paciente em uma das categorias que são consideradas como especial, dentre elas estão o autismo, síndrome de down, esquizofrenia, ou ainda problemas cardíacos e renais.
"As crianças atendidas aqui apresentam os mais variados quadros de deficiência, especificamente, nós temos uma grande demanda de autismo e síndrome de down. Isso relacionado a crianças, porque a gente também atende adulto, então temos pacientes com paralisia cerebral, cardíacos e renais. Temos uma gama grande de casos, mas a maioria é de autismo e de down", informou Renato.
No local são realizados atendimentos clínicos e cirúrgicos, e para atender os moradores da capital, existe um convênio com o Complexo Hospitalar Governador Tarcísio Burity, o Trauminha de Mangabeira, para enviar as crianças e usuários adultos quando há necessidade de um tratamanto mais específico e com suporte anestésico avançado. Para a equipe, um dos maiores desafios é fazer os pais entenderem a necessidade de manter os cuidados com a higiene bucal dos pacientes em casa.
"No caso das crianças, a maior dificuldade é que às vezes a gente faz todo o tratamento, dá todas as orientações para os pais, mas quando eles chegam em casa, não escovam direito, não usam o fio dental, e aí o que a gente faz aqui é desfeito em casa. Normalmente a população que a gente atende não é de alta renda, são pessoas que precisam trabalhar, não estão sempre presentes e a criança não tem autonomia para fazer isso sozinha", disse Renato Carvalho. As outras formas dos usuários terem acesso ao consultório para pacientes com necessidades especiais do Centro, é com um encaminhamento da rede de atenção básica.
Conforme a explicação de Renato, o profissional da atenção básica possui todo o histórico e o acompanhamento tanto do usuário, quanto de sua sua família e pode assim encaminhar ao serviço.O usuário também pode comparecer diretamente ao CEO e a equipe do local avalia a necessidade especial do paciente, pois segundo Carvalho, mesmo sem encaminhemento do PSF se o usuário for elegível como especial, ele só precisa marcar na recepção da unidade de saúde.
Os estudantes de odontologia da Universidade Federal da Paraíba que quiserem participar do projeto de extensão que atende as crianças com necessidades especiais no CEO da Torre devem ficar atentos à seleção de novos extensionistas. Segundo a estudante Yane Oliveira, os próximos passos do projeto são, apresentar os relatórios da toda a pesquisa feita para a professora orientadora da UFPB e lançar o edital para selecionar novos estudantes interessados no assunto e no público-alvo dos atendimentos.
Fonte: G1
Clínica para pacientes especiais inspirou criação de extensão universitária. Crianças representam maior parte dos pacientes atendidos pelo serviço.
Não saber onde encontrar atendimento especializado para crianças com necessidades especiais é a realidade de muitos pais na Paraíba. A constatação é do cirurgião dentista Renato Carvalho, um dos responsáveis pelo consultório para pacientes com necessidades especiais do CEO da Torre, na Zona Norte de João Pessoa, que convive diariamente com esse problema. "Não deve ser fácil ser pai e mãe de uma criança especial e além de tudo você não ter um atendimento de referência, um lugar que possa fazer pelo menos um exame clínico, é complicado", comenta Carvalho.
Assim como o cirurgião dentista, os estudantes do curso de odontologia da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Marcos Souza, Petrônio Brandão e Yane Oliveira perceberam a importância desse tipo de atendimento e sentiram a necessidade de uma disciplina que abordasse o tema com mais profundidade ainda na graduação. Durante uma visita de reconhecimento no CEO da Torre, os estudantes encontraram Renato Carvalho e juntos deram início a uma parceria que evoluiu para um projeto de extensão universitária.
"É uma realidade meio pesada, eu já ouvi o depoimento da mãe de um paciente meu, dela olhar para mim e dizer: 'doutor eu lhe agradeço por ter atendido o meu filho, porque os outros dentistas tinham medo até de tocar nele'. É preciso a população saber que esse serviço existe, que isso aqui funciona, lógico, tem seus defeitos, mas o normal é que a gente tem um atendimento muito tranquilo, dificilmente falta material. Para um serviço público, é um serviço muito bom", pontuou Renato Carvalho.
O serviço a que o cirurgião dentista se refere é oferecido pela Prefeitura Municipal de João Pessoa, mas a demanda é tanta, que Carvalho e sua equipe atendem pacientes com necessidades especiais de todo o estado da Paraíba, durante quatro vezes por semana. De acordo com o odontólogo, aproximadamente 50% dos pacientes atendidos pelo consultório instalado no CEO da Torre são crianças.
"Por dia, temos uma demanda limitada de pacientes. São agendados quatro por turno, sendo que normalmente aparece uma urgência e aqui temos um serviço de urgência, então sempre deixamos essa brecha para atender um extra, caso apareça. Como atendemos quatro vezes por semana, dá um total de 16 pacientes por semana, por mês esse número chega aos 64 pacientes, aproximadamente", informou.
Início do projeto
O encontro entre Renato Carvalho e os estudantes da UFPB resultou no projeto 'Atendimento Odontológico para Pacientes Especiais no CEO -Torre' e começou quando Marcos Souza e Petrônio Brandão fizeram uma visita de reconhecimento na unidade de saúde e pediram para conhecer o consultório destinado ao atendimento de pacientes com necessidades especiais. Encantados com o serviço, os estudantes decidiram criar o projeto de extensão, que foi posteriormente submetido na universidade e após quatro meses foi aceito pela Secretaria Municipal de Saúde de João Pessoa e também pela UFPB.
"Eu estava trabalhando e eles chegaram para fazer uma pesquisa, eles não tinham muito conhecimento do que era essa especialização com crianças especiais e começaram a ver o atendimento. Daí eles foram ficando e estamos juntos há dois anos e pouco. Trabalhar com eles é maravilhoso, tem dias que se não fosse por eles eu não conseguiria atender", disse Carvalho.
Para o estudante do 5º período de odontologia da UFPB, Marcos Souza, participar do projeto é importante, não apenas pela qualificação acadêmica, mas também pela vivência com os pacientes e experiências em campo.
"No projeto eu tenho oportunidade de vivenciar uma rotina diferente do consultório odontológico, que na universidade não temos tão fortemente. Vivenciar as reações de cada paciente e poder devolver para eles toda essa experiência, agilizando e humanizando o tratamento, é a grande recompensa. Quando recebemos um sorriso ou um abraço caloroso de agradecimento é o pagamento mais justo", disse Marcos Souza.

Requisitos e demanda
Para que as crianças ou usuários adultos com necessidades especiais sejam atendidos é preciso preencher alguns requisitos, conforme explicou Renato Carvalho. Segundo ele, é necessário que o paciente tenha um CID (Código Internacional de Doenças) fornecido por algum médico, seja neurologista ou psiquiatra, que enquadre o paciente em uma das categorias que são consideradas como especial, dentre elas estão o autismo, síndrome de down, esquizofrenia, ou ainda problemas cardíacos e renais.
"As crianças atendidas aqui apresentam os mais variados quadros de deficiência, especificamente, nós temos uma grande demanda de autismo e síndrome de down. Isso relacionado a crianças, porque a gente também atende adulto, então temos pacientes com paralisia cerebral, cardíacos e renais. Temos uma gama grande de casos, mas a maioria é de autismo e de down", informou Renato.
No local são realizados atendimentos clínicos e cirúrgicos, e para atender os moradores da capital, existe um convênio com o Complexo Hospitalar Governador Tarcísio Burity, o Trauminha de Mangabeira, para enviar as crianças e usuários adultos quando há necessidade de um tratamanto mais específico e com suporte anestésico avançado. Para a equipe, um dos maiores desafios é fazer os pais entenderem a necessidade de manter os cuidados com a higiene bucal dos pacientes em casa.
"No caso das crianças, a maior dificuldade é que às vezes a gente faz todo o tratamento, dá todas as orientações para os pais, mas quando eles chegam em casa, não escovam direito, não usam o fio dental, e aí o que a gente faz aqui é desfeito em casa. Normalmente a população que a gente atende não é de alta renda, são pessoas que precisam trabalhar, não estão sempre presentes e a criança não tem autonomia para fazer isso sozinha", disse Renato Carvalho. As outras formas dos usuários terem acesso ao consultório para pacientes com necessidades especiais do Centro, é com um encaminhamento da rede de atenção básica.
Conforme a explicação de Renato, o profissional da atenção básica possui todo o histórico e o acompanhamento tanto do usuário, quanto de sua sua família e pode assim encaminhar ao serviço.O usuário também pode comparecer diretamente ao CEO e a equipe do local avalia a necessidade especial do paciente, pois segundo Carvalho, mesmo sem encaminhemento do PSF se o usuário for elegível como especial, ele só precisa marcar na recepção da unidade de saúde.
Os estudantes de odontologia da Universidade Federal da Paraíba que quiserem participar do projeto de extensão que atende as crianças com necessidades especiais no CEO da Torre devem ficar atentos à seleção de novos extensionistas. Segundo a estudante Yane Oliveira, os próximos passos do projeto são, apresentar os relatórios da toda a pesquisa feita para a professora orientadora da UFPB e lançar o edital para selecionar novos estudantes interessados no assunto e no público-alvo dos atendimentos.
Fonte: G1