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Entre os dias 12 e 15 de junho aconteceu na cidade de São Paulo o 3º CIODONTO. O Portal WWOW esteve presente em todos os dias do evento registrando tudo e, no último dia, conversamos com o Dr. Mario Sergio Limberte, presidente do evento. Confira abaixo a que o congresso se propunha e quais foram os resultados.

Portal WWOW: Como foi acei-tar o convite para presidir um evento tão importante como o CIODONTO?

Dr. Mario Limberte: Eu tenho muita experiência em congres-sos, já organizei vários. O de-safio, nesse caso, foi o fato de eu querer fazer um congresso diferente. Eu prometi para a ABO, para o Dr. Silvestre (pre-sidente da ABO – São Paulo), fazer um congresso diferente para atrair o público. E como é que eu poderia fazer alguma coisa diferente? É simples: os congressos odontológicos bra-sileiros, todos de um modo geral, eles focam apenas a parte científica da odontologia. É só dentes, ou é só próteses, implante... todos os dentistas estão atrás disso.

O que eu quis fazer nesse congresso foi mostrar que nós somos dentistas e seres humanos – mostrar que nós também somos seres humanos. Eu trouxe temas a que o dentista não está acostumado a ouvir falar como comunicação, como música no consultório, e as pessoas gostaram muito de ouvir sobre isso. Sobre comunicação, principalmente, sobre como atender ao telefone... sobre como lidar melhor com o cliente. Porque hoje todo mundo sabe que, na percepção do cliente, todos os dentistas trabalham igual. Vai se dar melhor quem der um bom atendimento, um atendimento personalizado, quem der carinho ao cliente.

Então, esse congresso teve dente, teve porcelana, mas teve muito, principalmente, falando sobre gestão de consultório, porque o dentista não sabe administrar, ele precisa aprender marketing, que hoje é uma coisa que todo mundo está atrás porque, sem marketing, não tem cliente. E pra fazer marketing não precisa ter MBA, se faz marketing com um “simples cafezinho expresso no consultório”. É isso que a gente procura mostrar para o dentista.

O desafio do congresso foi esse e eu acho que eu consegui o que queria, porque as pessoas têm me elogiado muito e eu sabia que elas iriam me elogiar. É uma necessidade das pessoas, é uma necessidade do dentista saber sobre isso. E eu só espero que os congressos de outras entidades pensem nisso também, porque o dentista está precisando disso.

Portal WWOW: Como o senhor vai aproveitar toda essa ex-periência, todo esse lado de comunicação e marketing dentro de seu consultório? O senhor já pratica isso?

Dr. Mario Limberte: Eu já faço há muito tempo isso. Tenho sucesso profissional e algumas pessoas, maldosa ou invejo-samente, dizem que eu sou marketeiro no sentido pejorativo da palavra. E eu fico lisonjeado, porque eu recebo esse “marketeiro” como um entendido em marketing. Eu mal enten-do de odontologia e ainda entendo um pouquinho de marketing, então não está mal o negócio. (rs)

Mas eu uso e aplico isso há muitos anos, e é o que me levou ao sucesso. É isso que eu quero mostrar para as pessoas. O que me deixa contente em um congresso como esse é que muita gente veio ver a mensagem do “marketeiro”. Uma con-gressista me falou que ficou aborrecida porque ela convidou uma colega pra vir e ela disse “Ah, isso é congresso de marketeiro”. É uma pena, porque essas pessoas vão ficar a vida inteira falando isso, a vida inteira atendendo convênio, a vida inteira reclamando da profissão e assim por diante. En-quanto isso, outros vão progredindo na profissão.
 

Portal WWOW: É claro que existem pessoas que nunca vão aceitar e outras que já desenvolvem essas idéias, mas o senhor acha que a classe como um todo está mudando?

Dr. Mario Limberte: A classe está mudando, principalmente a geração dos últimos cinco ou dez anos está mudando totalmente. Nos Estados Unidos isso já é colocado em prática há muito tempo. Eu vou em congresso nos EUA e há muito tempo que os congressos são assim.

O meu sonho sempre foi realizar um congresso com esse enfoque aqui no Brasil. Por isso, todo congresso que orga-nizei, eu colocava alguma coisa nesse sentido. A gente corre o risco de ter salas vazias, mas eu estou notando que esse congresso já mostra uma mudança, tem muitas salas cheias.
 

Portal WWOW: Um dos exemplos disso pode ser a palestra do Prof. Luiz Marins, que ocupou três auditórios mesmo com um assunto totalmente a parte da Odontologia?

Dr. Mario Limberte: Com certeza, e eu vou fazer uma revelação pouco modesta: os meus alunos e as pessoas que me conhecem ou que assistem aos meus cursos, falaram que não ficaram surpresos com o que ele falou, porque eu falo isso há anos pra eles. E eu sei disso, porque a ciência é uma só e o marketing é um só. É lógico também que ele é um antropólogo, mas ele deu exemplos que eu dou todo dia em minhas aulas.

E eu vejo que as pessoas estão agora focadas nisso. Quem não se preocupar com isso não vai ter clientes e vai ficar reclamando que não tem clientes, vai ficar reclamando da concorrência, sem saber que o caminho é outro.

Portal WWOW: Falando um pouco sobre o lado científico, nós percebemos claramente uma linha sobre estética, que é o assunto da “moda”, o assunto que hoje em dia os dentistas procuram se informar mais. Como o congresso pôde contribuir com isso?

Dr. Mario Limberte: Nós fizemos esse congresso tendo dois blocos científicos, um sobre marketing, gestão, musicoterapia etc e tal, e outro sobre clínica geral. Todos os temas foram encomendados, eu não quis falar pra nenhum professor “Você vem aqui e fala sobre estética”, eu fui mais claro e disse “Eu quero que você venha falar por que ocorrem fracassos em clareamento dental”.

Nós procuramos atender estética, que é o foco principal, o que a população exige, o que a clientela quer. Na parte de clínica geral, o profissional faz estética também, mas faz canal, faz gengiva... Então, nós encomendamos temas para o clínico geral e também para a parte de gestão e marketing.

Fizemos um congresso que abrange tudo isso, que ficou nes-ses três focos. A estética entrou nisso porque é importante. Agora, sem a parte de gestão, marketing e todo o resto, não funciona a estética e a clínica geral.

Portal WWOW: Como o senhor vê a utilização de tecnologia dentro da odontologia, com equipamentos cada vez mais sofisticados?

Dr. Mario Limberte: Para mim, esse tipo de tecnologia não é tão importante. Se eu tivesse que escolher entre comprar um laser ou uma máquina de café expresso, eu compraria a má-quina de café expresso porque vários clientes irão utilizar a máquina de café expresso e vão ter uma boa impressão do consultório. Já o laser, eu pos-so usar ou não usar, e faço odontologia do mesmo jeito.

Eu não sou contra o uso da tecnologia, mas sou contra o exagero da tecnologia. Sou contra a idéia de ter aparelhos de última geração, radiografia de não sei o que... Eu sou contra isso principalmente porque na nossa economia, para o dentista brasileiro, isso fica cada vez mais caro, mais difícil. Então, eu falo para os meus alunos e para os dentistas: não vão atrás dessa tecnologia, tenham um dinheirinho para o laser, mas não esqueçam de primeiro comprar a máquina de café expresso, não esqueça de dar atenção para o cliente e aí sim tenha o laser.

Fala-se muito que é preciso informatizar o consultório. É importante ter um programa no consultório, mas não obriga-toriamente informatizar todas as salas. O que eu acho muito importante na parte de informática é o dentista ter o cadas-tro e ficha de pacientes no computador, é a parte que eu dou mais importância.

Portal WWOW: Em termos de informação e divulgação, o senhor acha que o dentista é bem informado com relação às pesquisas que acontecem não só no Brasil, mas no mundo inteiro?

Dr. Mario Limberte: De um modo geral, ele é informado. Primeiro porque os professores brasileiros são muitíssimo bem informados, o brasileiro é muito bem informado. Nos Estados Unidos, onde eu costumo ir, eles reconhecem isso, eles sa-bem que o dentista brasileiro é bom. O cliente americano sa-be e muito americano vem tratar aqui, porque é mais barato.

Então, o dentista brasileiro está bem informado, só não está bem informado quem não quer. Quem quiser, é só pegar uma revista de entidade de classe, participar de um congresso como esse... acesso existe para que qualquer um se mante-nha atualizado.

Por isso que eu disse que para o cliente, hoje, o tratamento que eu faço é igual ao que qualquer outro dentista faz, é tudo igual. O que vai fazer um profissional ter mais clientes ou não é o atendimento, são os diferenciais. É o cafezinho expresso.

Portal WWOW: A organização tinha uma expectativa ante-rior ao evento e, agora, no último dia de congresso, já dá pra se fazer um balanço de como foi. O resultado foi dentro do previsto?

Dr. Mario Limberte: Esse congresso é um congresso peque-no. Eu não esperava muito, e a freqüência ultrapassou minhas expectativas. Eu não esperava muito porque eu conheço a cabeça do dentista. Grande parte deles está no consultório porque não pode perder um, dois dias de trabalho porque vai perder dinheiro. Eles não conseguem entender que é aqui que eles vão “aprender a ganhar mais dinheiro”, a maioria não entende isso. Por isso eu não esperava o que ocorreu.

O que me deixa contente é ver que muitos dentistas já estão alertas a isso, sabem que precisam vir ao congresso aprender essas coisas e deixam seus consultórios.  Eu ouvi gente falar que o congresso poderia ser em um sábado ou em um domin-go, pra não perderem dia de trabalho. Essas pessoas não sabem, não conseguem entender que estão ganhando um dia de trabalho, e não perdendo.

É uma mudança de mentalidade que já está ocorrendo, mas é demorada. Este congresso está sendo um marco. Vieram pessoas de outros países, teve um angolano que acabou de sair daqui. Esse angolano, inclusive, é meu ex-aluno, fez curso na minha clínica e, quando soube que eu organizei esse congresso, ele veio da Angola.

Portal WWOW: O senhor acha, então, que essa encomenda de temas deu certo?

Dr. Mario Limberte: Deu super certo. Os temas foram enco-mendados e teve professores que se dedicaram muito a isso. Por exemplo, a professora de atendimento telefônico quis marcar uma reunião comigo antes do congresso para saber das reais necessidades do cirurgião-dentista. Ela e mais uns dois ou três palestrantes quiseram fazer uma reunião comigo para eu falar exatamente o que eu gostaria que fosse abordado.

Os temas foram desenvolvidos assim. Eu falava “Olha, por favor, eu não quero saber de ‘slide bonitinho’, eu quero mos-trar o que você fez de ‘errado’”. Isso foi a pedido meu e foi muito importante. Eu encomendei cada um pessoalmente, “Eu quero que fale sobre ‘isso’”.

Portal WWOW: O senhor colocou de volta na grade cien-tífica do congresso os “Temas Livres”, que estavam em desu-so. Qual é a importância deles?

Dr. Mario Limberte: Não sei por que eles caíram em desu-so. A minha primeira palestra foi em um “tema livre”. Eu fiz um “tema livre” em um con-gresso, fui recusado no ou-tro, até que um dia me cha-maram para ser palestrante.

A proposta de fazer algo dife-rente se juntou ao fato dos “temas livres” terem sumido dos congressos. Eu os res-suscitei por causa disso – pa-ra descobrir valores como o desse rapaz, o Robson, que foi o vencedor dessa categoria.

Uma outra coisa que me deixou entusiasmado é o seguinte. Quando eu preparei esse congresso, eu chamei algumas “es-trelas” para chamar a atenção. Mas também chamei outras pessoas boas, que não são estrelas, para dar a oportunidade para elas poderem ser reconhecidas.

E como eu escolho essas pessoas? Eu pego revistas odonto-lógicas, vejo um artigo bom e mando um e-mail elogiando o artigo. Eu tenho alunos pelo Brasil inteiro, e o que mais me deixa contente é ver um aluno progredir e publicar alguma coisa.

Eu pego uma revista e falo “Gostei do seu artigo, quero que você venha no meu congresso”. Alguns dos que vieram aqui esse ano eu nem conhecia, eu preciso virar pra minha assistente e falar “Quem é aquele lá?”. Eu não conheço ele pessoalmente, mas conheço o nome dele da revista. E muitos saíram daqui super felizes. E é muito legal dar oportunidade para novos valores.

Portal WWOW: Obrigado, Dr. Mario Limberte, até a próxima oportunidade.

 

 
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