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9/5/2025
 
Matéria

- Geral
A odontologia do conforto

teste

 

"Não só pela parte de vida, por tudo que eu já superei e se eu cheguei até onde eu estou hoje devo exclusivamente à minha carreira... Olha, a profissão de odontologia é gratificante... Aqui, nós praticamos a odontologia do conforto."

Cris Campos, especial para o WWOW

O Dr. Roberto Vianna ministrou a palestra “Sedação com óxido nitroso” no 24º CIOSP, em 29 de janeiro. Logo depois, ele concedeu entrevista exclusiva ao Portal WWOW. Falou sobre a importância da sedação consciente com gás, sua especialidade há 35 anos, e da rápida capacitação tecnológica do Brasil, que hoje fabrica maquinário de qualidade e com preço acessível para os dentistas. Vianna abordou também a qualidade de vida na odontologia e, sobre a satisfação que sente em ser dentista, disse: "Não só pela parte de vida, por tudo que eu já superei e se eu cheguei até onde eu estou hoje devo exclusivamente à minha carreira... Olha, a profissão de odontologia é gratificante."

Cris Campos, Portal WWOW – O quê a sedação com óxido nitroso traz de novo para a Odontologia?
Dr. Roberto Vianna – “Apesar de ser uma técnica que existe há mais de cento e sessenta anos, ela só passou a ser regulamentada e ao alcance de toda a população de dentistas brasileiros a partir de março de 2004, quando ela foi regulamentada pelo Conselho Federal de Odontologia. Claro que essa demora ocorreu por razões até distintas, razões muito mais políticas, muito mais de competição de mercado, dentro de uma situação como a de hoje em dia. E, no caso do anestesista, ele tem muito pouco conhecimento do quê é essa técnica. Hoje, a gente sabe que, há cento e sessenta anos atrás, quem cria a especialidade de anestesista é exatamente o dentista. E é claro que sedação consciente com óxido nitroso de odontologia não tem nada a ver com anestesiologia ou anestesia geral. E ela pode e, como eu já tive oportunidade de ter, fazendo o curso de sedação consciente para dentistas, anestesistas, que continuamos trabalhando com uma ótima parceria. O conhecimento que o anestesista tem da matéria, dos fármacos, de tudo isso, é que vai, com certeza, fazer crescer também junto com a odontologia.
Então, a sedação consciente traz a vantagem de um procedimento, que relaxa o indivíduo, como os fármacos que também são utilizados em anestesia geral, fármacos esses que estão agora para o benefício de toda a população, porque pelo menos 15% da população americana deixa de ir ao dentista por medo da agulha e por ansiedade. Com isso, há um prejuízo para o Estado enorme. Com isso, as perdas de dias de trabalho são muito grandes.
Então, o que ela traz para a odontologia brasileira é permitir que mais pessoas venham ao consultório, ele (o dentista) consegue trabalhar de uma maneira muito mais tranqüila, já que o paciente passa a colaborar muito mais. É muito confortável para o paciente, aumenta a quantidade de trabalho que o dentista passa a receber, a qualidade do trabalho é muito melhor e é um 'a mais' que ele dá ao paciente dele. Então, a grande vantagem da odontologia brasileira é ver ela se equiparar às melhores odontologias do mundo que, em qualidade, ela já tinha; agora, vem para o conforto do paciente.”

Cris Campos, Portal WWOW – Como o senhor se tornou especialista na sedação consciente e qual a importância desta técnica?
Dr. Roberto Vianna – "Eu sou cirurgião dentista, com mestrado em odontopediatria na Universidade de Indiana, nos idos de 1969, 70, 71. Lá que eu me titulei e me qualifiquei em sedação consciente com óxido nitroso. Então, por isso que há mais de 35 anos eu venho fazendo esta sedação e dentro da legalidade, já que eu estava habilitado, mas fora. Como eu, existem outros profissionais e, agora, um grande número de profissionais brasileiros indo por essa linha.
Beneficiou também a indústria nacional, já que agora nós temos máquinas e equipamentos de primeira linha fabricados no Brasil. Num curto intervalo de tempo, já evoluímos até nas gerações desses equipamentos. O custo desses equipamentos, que eram bem caros, já estão na base de - digamos, arredondando - quinhentos reais, sem juros em quinze vezes, que o paciente vai pagar aquele benefício que ele já teve.
Então, é uma técnica que, sem dúvida, veio para ficar. Qualquer política que seja feita que vá contra uma comunidade, uma população, uma maioria, os nossos pacientes, não vai vingar. Muito pelo contrário, vai chegar e teremos mais procura. E o dentista que a adota, sai na frente, como a APCD sai na frente, ao fazer isso."

Cris Campos, Portal WWOW – A sedação com óxido nitroso pode ser usada em uma pessoa com problema periodontal, que tenha medo de injeção e/ou de anestesia, ou numa criança, ou numa pessoa idosa, por exemplo?
Dr. Roberto Vianna – "Muito bem lembrado. Ela é a única técnica em odontologia que, nesses 160 anos, não teve qualquer, qualquer episódio de mortalidade e morbidade. Não podemos dizer até alguma coisa parecida pra anestesia local.
Um outro ponto que você levantou muito bem não é só a questão da criança. Claro que ela é indicada pra criança e é claro que tem que ter algum tipo de comunicação com essa criança. Daí é que nós poderíamos usar em alguns pacientes de dois anos de idade, como os pediatras usam nas emergências. Eles simplesmente dão aquele 'sossega leão', com a grande vantagem do óxido nitroso sobre os outros. Porque ele só dura o tempo que a gente quer; não é uma droga que a gente administra como um outro sedativo e que a gente tem que esperar passar. Não. No momento em que a gente corta o óxido nitroso e deixa só em oxigênio, acabou o efeito. Então o paciente, se veio dirigindo, ele volta dirigindo. Se ele vai fazer uma endoscopia, que muitas vezes ele tem que tomar um sedativo do tipo dormonid, mesmo que não seja na veia, vai demorar uma hora e meia para passar o efeito; é pedido que ele venha acompanhado. Então, a técnica é segura, mas pouco conhecida; daí é que fica a preocupação.
Outro ponto em que você tocou, nós não temos nenhuma idéia de abolir a anestesia local; o que nós abolimos é o medo à anestesia local. Então, a proposta do óxido nitroso é para acabar com o medo, a ansiedade, a insegurança, toda aquela sensação desagradável do cara, desde que acorda, diz: '- Vou ter que ir ao dentista hoje.' Não. '- Que bom que eu vou ao dentista hoje.' Muda essa sensação, porque nós vamos dar anestesia, mas é claro que ele não sai sentir a anestesia, é claro que ele está colaborando.
Quando você lembrou muito bem a questão periodontal, coisa mais chata é quando você vai ao dentista e ninguém vai dar uma anestesia local para a boca toda. Então, aquela dor está inerente à tirada do tártaro. Por isso que, nos Estados Unidos, quem tira tártaro já não é mais o dentista, é a higienista. A higienista, quase na totalidade dos estados, ela pode fazer e administrar o óxido nitroso.
O óxido nitroso é tão seguro que uma das sociedades mais rigorosas, que é a American Society of Anesthesiology, que nós consideramos a que criou o risco cirúrgico - aquela sociedade do ASA 1, ASA 2, ASA 3 - nem considera para risco qualquer concentração, nessas máquinas, até 50%. Ela só passa a dar recomendações quando vai acima de 50% de óxido nitroso. O dentista vai até 70%. Então, só de 50% a 70% que é chamada a sedação mínima. Daí que está a margem de segurança.

Isso faz com que o dentista, com essa condição, indique pra criança. Tem consultórios no Brasil, por exemplo, que é rotina, em outras palavras: tudo que ele faz é como os Estados Unidos fazem.  Tem criança que não tem nem lembrança do dentista, de injeção ou qualquer coisa. Claro, todos os procedimentos são feitos com óxido nitroso. Ele sabe que vai ao dentista para botar uma máscara, que é um nariz de Pinóquio, é uma máscara do astronauta, é qualquer tipo de pantomima que se queira fazer. Ele indo para um outro consultório, que não tenha isso, ele vai estranhar, então, ele vai criar problema.
Em Curitiba, um colega nosso, maravilhoso, que é o Luiz Regatieri, da mesma maneira como eu, ele é formado no Alabama há mais de 35 anos - estamos entregando a idade. Mas de qualquer jeito, no consultório dele, ele tem aquele coloquial paranaense: '- Não estou aqui para dar educação a guri.' É como ele fala. Está muito bem. Nós não precisamos chegar a uma clínica que foi construída assim. Nós não vamos dizer que todo mundo vai chegar e ter. Mas ele é um especialista em odontopediatria, só crianças, e assim ele cresceu.
Hoje, o que eu vejo procurar muito é o pessoal do implante, o pessoal da cirurgia buco-maxilo, os periodontistas. E, sem dúvida nenhuma, essa técnica não veio para o Brasil agora, ela vem com uma bagagem de 160 anos, ela veio para ficar. Por enquanto, ela é uma novidade velha. É como eu digo, parece até comigo: é um velho cada vez mais novo, ou um antigo que se moderniza." 

Cris Campos, Portal WWOW – Então, não há como se pensar em sedação sem o óxido nitroso, por tudo isso que o senhor disse?
Dr. Roberto Vianna – "A sedação, o que ficou regulamentada pelo Conselho é a chamada sedação consciente. Por quê? Justamente vendo a segurança da técnica. As técnicas quando elas são usadas com sedativos intravenosos, é a forma mais perigosa que você tem para chegar a um óbito e chegar a uma anestesia geral. Você tem um controle, com uma intravenosa, e de um medicamento, que para ser revertido (claro que tem, no caso do dormonid é o ou formazenil),mas nós sabemos que a metabolização desse medicamento é no fígado. Quem põe implante é pessoal de terceira idade. E nós sabemos que o fígado, com a idade, pra metabolizar aquilo - que agora, é muitas vezes metabolizado em uma hora, uma hora e meia, demora trinta e seis, quarenta e oito horas. Então, existem essas restrições. E não adianta colocar na mão do anestesista. Está bem claro. O Conselho Federal de Medicina e o Conselho Federal de Odontologia, além de terem uma proibição para esse tipo de técnica em consultório, além dessa ilegalidade, tem todos esses riscos.
Em Brasília, chega ao cúmulo dos anestesitas cobrarem mais caro para os dentistas, por causa de risco. Isso não existe. Isso aí é uma afronta a tudo isso." 

Cris Campos, Portal WWOW – Mas os implantes em zigoma já são feitos todos em hospitais.
Dr. Roberto Vianna – "Claro, é onde tem que se fazer, onde nós teríamos que fazer todas essas técnicas. Querem usar técnica, mas da maneira legal. Leve para o centro cirúrgico, use a intravenosa, não tenho nada contra. O circuito aberto de anestesia geral, claro que dificulta, no caso de algum acidente que tiver. A segurança do óxido nitroso e dessa técnica é porque ela não tem nada para atingir aos centros bulbais. Agora, essa outra tem. A reversão, o formazenil, na verdade ele vai agir por competição. Como os neurotransmissores, que são os que estarão sendo afetados pelo benzodiazepini, tem um que eles preferem que é o formazenil, que corta o efeito do outro, mas o outro continua circulante. E também tem uma limitação, você não pode dar mais de 2 miligramas de formazenil.
Então, a sedação com óxido nitroso é a mais segura devido a tudo isso. Mas não adianta achar que a conhece. Tem que estar junto com instituições sérias; ver os cursos de qualidades dados por instituições odontológicas de grande tradição - não é pegar qualquer cursinho na esquina; estar no curriculum das universidades. Verificar bem que a proposta é para melhorar o próprio consultório e todos nós sabemos que investimentos têm retorno. Nós vimos que o investimento estava proibitivo logo que saiu, mas agora com a possibilidade de estar ao alcance de todos os dentistas, vai ter mais gente se preparando. Logo, se juntar para crescer e para fiscalizar dentro de uma coisa real. Juntar os anestesistas, mas dentro de uma situação onde você tem que ficar cada vez mais seguro."

Cris Campos, Portal WWOW – O senhor poderia explicar o que é a sedação com óxido nitroso, como se falasse a uma criança?
Dr. Roberto Vianna
– "O paciente chega, estamos lá e queremos que ele fique tranqüilo. A criança tem um responsável. É mais importante que ele aprenda o que ele vai fazer, do que o que eu quero que ele faça. Nós temos esta rotina. A pessoa responsável vai ler uma matéria, que está na linguagem o mais coloquial possível, publicada na Veja, em 07 de abril de 2004, que diz em detalhe tudo que é para ela. Ali diz o que é o gás do risinho, o gás hilariante.
A uma criança de oito anos, à curiosidade dele, se quiser, dizemos assim: ‘- Vamos botar essa máscara e a sensação que você tem é semelhante à que você estar com uma máscara de astronauta.’ Isso se ele é menino. Senão, faz de conta, que é a máscara do Peter Pan, do Pinóquio. ‘- Mas olha, ficou bem hein, na foto.’ Quer dizer: você vai naquela interação. É mais fácil ele aceitar uma máscara que não tem nenhuma agressão a ele, do que um instrumento de dentista que, por si só, tem uma ponta e é muito mais agressivo. A criança toca e aquilo é borracha. Ela toca, morde, cheira - e tem aquela que vem com o cheirinho de tutti fruti, laranja, baunilha. E elas já vêm com bichinho, que é um dinossaurosinho. Ou senão é a cor.
Quem não gosta de ser criança? Eu conheço adolescentes e conheço adultos que usam o aparelho e se sentem muito mais jovens. Eu não sou daqueles que vai estar contra, e nem acho que o dentista está se prostituindo por existir, no quite noiva do Gugu o dentista para dar um clareamento. Todos nós sabemos, principalmente quem trabalha em marketing na odontologia, que a grande procura ao dentista é pela estética. Ninguém vai vir aqui para procurar saúde oral, não falam isso não. ‘- Quero é dentes mais bonitos.’ Mas lógico que é, tá ali toda a auto-estima. Em todos esses programas, aquele Extreme Mak Over. Como eu vou achar que eu, dentista, estou ficando pior, porque eu tenho um colega que está integrado no que a população está buscando?
Então, para a criança de oito anos, esse garotinho é muito mais fácil a gente chegar a ele. E a gente vai chegar a isso. O português, na nossa língua, tem uma grande vantagem, uma frase: ‘- Tudo bem? Tudo bem!’ Você usa essas duas palavras e só quem fala português, ou é brasileiro, que pode entender na mesma língua. O garoto, na linguagem dele, aquilo não é ameaça para ele. Ele não se sente ameaçado como ele sentiria pela agulha. Agora, tudo é feito em uma situação em que para ele está mais agradável.
Apesar dos cento e sessenta anos, ela (a sedação com óxido nitroso) teve uma evolução enorme na odontologia. Aqui demorou a começar, começou em 2004 regulamentada, mas sem dúvida nenhuma, o Brasil hoje é a terceira força em pesquisa e publicação no mundo inteiro."

Cris Campos, Portal WWOW – Por tudo que o senhor falou, não tem como pensar em qualidade de vida na odontologia sem óxido nitroso?
Dr. Roberto Vianna – "Não tem. Já imaginou a preocupação e a angústia que a gente já vive com a violência urbana, com a perda do tempo. Você pegou o ponto onde o pessoal de marketing, nos Estados Unidos, está cada vez mais trabalhando: relax. Aqui, nós praticamos a odontologia do conforto."

Cris Campos, Portal WWOW – Doutor Roberto, é gratificante trabalhar na linha de ponta deste tipo de sedação, após tantos anos de carreira e renome?
Dr. Roberto Vianna – "O que eu fico mais satisfeito é em função das realizações que eu já fiz. Não só pela parte de vida, por tudo que eu já superei e se eu cheguei até onde eu estou hoje devo exclusivamente à minha carreira. E o que quer dizer isso? Que eu hoje tenho mais milhas voadas em uma determinada companhia, que é, por exemplo, a American Airlines, que muito piloto que está trabalhando hoje. Eu tenho mais de dois milhões e trezentas mil milhas, isso de 1992 até agora. Formei em 1965 e o retorno que eu tenho é exatamente de estar aqui neste congresso. Olha, a profissão de odontologia é gratificante. Em outra época, se ganhava até mais dinheiro. Agora, cada vez que o dentista está se tornando mais membro da comunidade, mais socializado e pensando mais nisso, ele também está tendo outras possibilidades. No momento em que ele entende que o paciente não veio, como vai a um supermercado, para pagar o consultório, tudo isso vai lhe rendendo muito mais.
O congresso da APCD, ou o congresso paulista, o CIOSP, hoje ele é o terceiro em participação pela indústria; mas em freqüência, quando não é o primeiro, ele é quase o primeiro. Então, a odontologia brasileira deve esse crescimento a todas as interações, à mídia, no momento em que passou a se integrar mais.
Meu reconhecimento é poder testemunhar a odontologia que eu comecei, com uma frase que tinha lá quando eu estava fazendo vestibular, já que o vestibular naquela época era na própria universidade, a Universidade do Brasil, no Rio de Janeiro. Estava lá escrito: 'Ser perfeito em tudo o que fizeres.' Fui raciocinar depois. Sempre que você busca a excelência, o retorno é excelente. O retorno vem, se você acredita, se acredita na instituição. Você não pode querer ser um indivíduo isolado. Lamentavelmente, o dentista quando pensa, pensa em ficar dentro daquelas quatro paredes, ele já tem uma tendência para não se socializar. Mas o mundo de hoje é globalizado. Tem a televisão que nos joga todos. E eu adorei o seu portal WWOW!" 

 

"Não só pela parte de vida, por tudo que eu já superei e se eu cheguei até onde eu estou hoje devo exclusivamente à minha carreira... Olha, a profissão de odontologia é gratificante... Aqui, nós praticamos a odontologia do conforto."

Cris Campos, especial para o WWOW

O Dr. Roberto Vianna ministrou a palestra “Sedação com óxido nitroso” no 24º CIOSP, em 29 de janeiro. Logo depois, ele concedeu entrevista exclusiva ao Portal WWOW. Falou sobre a importância da sedação consciente com gás, sua especialidade há 35 anos, e da rápida capacitação tecnológica do Brasil, que hoje fabrica maquinário de qualidade e com preço acessível para os dentistas. Vianna abordou também a qualidade de vida na odontologia e, sobre a satisfação que sente em ser dentista, disse: "Não só pela parte de vida, por tudo que eu já superei e se eu cheguei até onde eu estou hoje devo exclusivamente à minha carreira... Olha, a profissão de odontologia é gratificante."

Cris Campos, Portal WWOW – O quê a sedação com óxido nitroso traz de novo para a Odontologia?
Dr. Roberto Vianna – “Apesar de ser uma técnica que existe há mais de cento e sessenta anos, ela só passou a ser regulamentada e ao alcance de toda a população de dentistas brasileiros a partir de março de 2004, quando ela foi regulamentada pelo Conselho Federal de Odontologia. Claro que essa demora ocorreu por razões até distintas, razões muito mais políticas, muito mais de competição de mercado, dentro de uma situação como a de hoje em dia. E, no caso do anestesista, ele tem muito pouco conhecimento do quê é essa técnica. Hoje, a gente sabe que, há cento e sessenta anos atrás, quem cria a especialidade de anestesista é exatamente o dentista. E é claro que sedação consciente com óxido nitroso de odontologia não tem nada a ver com anestesiologia ou anestesia geral. E ela pode e, como eu já tive oportunidade de ter, fazendo o curso de sedação consciente para dentistas, anestesistas, que continuamos trabalhando com uma ótima parceria. O conhecimento que o anestesista tem da matéria, dos fármacos, de tudo isso, é que vai, com certeza, fazer crescer também junto com a odontologia.
Então, a sedação consciente traz a vantagem de um procedimento, que relaxa o indivíduo, como os fármacos que também são utilizados em anestesia geral, fármacos esses que estão agora para o benefício de toda a população, porque pelo menos 15% da população americana deixa de ir ao dentista por medo da agulha e por ansiedade. Com isso, há um prejuízo para o Estado enorme. Com isso, as perdas de dias de trabalho são muito grandes.
Então, o que ela traz para a odontologia brasileira é permitir que mais pessoas venham ao consultório, ele (o dentista) consegue trabalhar de uma maneira muito mais tranqüila, já que o paciente passa a colaborar muito mais. É muito confortável para o paciente, aumenta a quantidade de trabalho que o dentista passa a receber, a qualidade do trabalho é muito melhor e é um 'a mais' que ele dá ao paciente dele. Então, a grande vantagem da odontologia brasileira é ver ela se equiparar às melhores odontologias do mundo que, em qualidade, ela já tinha; agora, vem para o conforto do paciente.”

Cris Campos, Portal WWOW – Como o senhor se tornou especialista na sedação consciente e qual a importância desta técnica?
Dr. Roberto Vianna – "Eu sou cirurgião dentista, com mestrado em odontopediatria na Universidade de Indiana, nos idos de 1969, 70, 71. Lá que eu me titulei e me qualifiquei em sedação consciente com óxido nitroso. Então, por isso que há mais de 35 anos eu venho fazendo esta sedação e dentro da legalidade, já que eu estava habilitado, mas fora. Como eu, existem outros profissionais e, agora, um grande número de profissionais brasileiros indo por essa linha.
Beneficiou também a indústria nacional, já que agora nós temos máquinas e equipamentos de primeira linha fabricados no Brasil. Num curto intervalo de tempo, já evoluímos até nas gerações desses equipamentos. O custo desses equipamentos, que eram bem caros, já estão na base de - digamos, arredondando - quinhentos reais, sem juros em quinze vezes, que o paciente vai pagar aquele benefício que ele já teve.
Então, é uma técnica que, sem dúvida, veio para ficar. Qualquer política que seja feita que vá contra uma comunidade, uma população, uma maioria, os nossos pacientes, não vai vingar. Muito pelo contrário, vai chegar e teremos mais procura. E o dentista que a adota, sai na frente, como a APCD sai na frente, ao fazer isso."

Cris Campos, Portal WWOW – A sedação com óxido nitroso pode ser usada em uma pessoa com problema periodontal, que tenha medo de injeção e/ou de anestesia, ou numa criança, ou numa pessoa idosa, por exemplo?
Dr. Roberto Vianna – "Muito bem lembrado. Ela é a única técnica em odontologia que, nesses 160 anos, não teve qualquer, qualquer episódio de mortalidade e morbidade. Não podemos dizer até alguma coisa parecida pra anestesia local.
Um outro ponto que você levantou muito bem não é só a questão da criança. Claro que ela é indicada pra criança e é claro que tem que ter algum tipo de comunicação com essa criança. Daí é que nós poderíamos usar em alguns pacientes de dois anos de idade, como os pediatras usam nas emergências. Eles simplesmente dão aquele 'sossega leão', com a grande vantagem do óxido nitroso sobre os outros. Porque ele só dura o tempo que a gente quer; não é uma droga que a gente administra como um outro sedativo e que a gente tem que esperar passar. Não. No momento em que a gente corta o óxido nitroso e deixa só em oxigênio, acabou o efeito. Então o paciente, se veio dirigindo, ele volta dirigindo. Se ele vai fazer uma endoscopia, que muitas vezes ele tem que tomar um sedativo do tipo dormonid, mesmo que não seja na veia, vai demorar uma hora e meia para passar o efeito; é pedido que ele venha acompanhado. Então, a técnica é segura, mas pouco conhecida; daí é que fica a preocupação.
Outro ponto em que você tocou, nós não temos nenhuma idéia de abolir a anestesia local; o que nós abolimos é o medo à anestesia local. Então, a proposta do óxido nitroso é para acabar com o medo, a ansiedade, a insegurança, toda aquela sensação desagradável do cara, desde que acorda, diz: '- Vou ter que ir ao dentista hoje.' Não. '- Que bom que eu vou ao dentista hoje.' Muda essa sensação, porque nós vamos dar anestesia, mas é claro que ele não sai sentir a anestesia, é claro que ele está colaborando.
Quando você lembrou muito bem a questão periodontal, coisa mais chata é quando você vai ao dentista e ninguém vai dar uma anestesia local para a boca toda. Então, aquela dor está inerente à tirada do tártaro. Por isso que, nos Estados Unidos, quem tira tártaro já não é mais o dentista, é a higienista. A higienista, quase na totalidade dos estados, ela pode fazer e administrar o óxido nitroso.
O óxido nitroso é tão seguro que uma das sociedades mais rigorosas, que é a American Society of Anesthesiology, que nós consideramos a que criou o risco cirúrgico - aquela sociedade do ASA 1, ASA 2, ASA 3 - nem considera para risco qualquer concentração, nessas máquinas, até 50%. Ela só passa a dar recomendações quando vai acima de 50% de óxido nitroso. O dentista vai até 70%. Então, só de 50% a 70% que é chamada a sedação mínima. Daí que está a margem de segurança.

Isso faz com que o dentista, com essa condição, indique pra criança. Tem consultórios no Brasil, por exemplo, que é rotina, em outras palavras: tudo que ele faz é como os Estados Unidos fazem.  Tem criança que não tem nem lembrança do dentista, de injeção ou qualquer coisa. Claro, todos os procedimentos são feitos com óxido nitroso. Ele sabe que vai ao dentista para botar uma máscara, que é um nariz de Pinóquio, é uma máscara do astronauta, é qualquer tipo de pantomima que se queira fazer. Ele indo para um outro consultório, que não tenha isso, ele vai estranhar, então, ele vai criar problema.
Em Curitiba, um colega nosso, maravilhoso, que é o Luiz Regatieri, da mesma maneira como eu, ele é formado no Alabama há mais de 35 anos - estamos entregando a idade. Mas de qualquer jeito, no consultório dele, ele tem aquele coloquial paranaense: '- Não estou aqui para dar educação a guri.' É como ele fala. Está muito bem. Nós não precisamos chegar a uma clínica que foi construída assim. Nós não vamos dizer que todo mundo vai chegar e ter. Mas ele é um especialista em odontopediatria, só crianças, e assim ele cresceu.
Hoje, o que eu vejo procurar muito é o pessoal do implante, o pessoal da cirurgia buco-maxilo, os periodontistas. E, sem dúvida nenhuma, essa técnica não veio para o Brasil agora, ela vem com uma bagagem de 160 anos, ela veio para ficar. Por enquanto, ela é uma novidade velha. É como eu digo, parece até comigo: é um velho cada vez mais novo, ou um antigo que se moderniza." 

Cris Campos, Portal WWOW – Então, não há como se pensar em sedação sem o óxido nitroso, por tudo isso que o senhor disse?
Dr. Roberto Vianna – "A sedação, o que ficou regulamentada pelo Conselho é a chamada sedação consciente. Por quê? Justamente vendo a segurança da técnica. As técnicas quando elas são usadas com sedativos intravenosos, é a forma mais perigosa que você tem para chegar a um óbito e chegar a uma anestesia geral. Você tem um controle, com uma intravenosa, e de um medicamento, que para ser revertido (claro que tem, no caso do dormonid é o ou formazenil),mas nós sabemos que a metabolização desse medicamento é no fígado. Quem põe implante é pessoal de terceira idade. E nós sabemos que o fígado, com a idade, pra metabolizar aquilo - que agora, é muitas vezes metabolizado em uma hora, uma hora e meia, demora trinta e seis, quarenta e oito horas. Então, existem essas restrições. E não adianta colocar na mão do anestesista. Está bem claro. O Conselho Federal de Medicina e o Conselho Federal de Odontologia, além de terem uma proibição para esse tipo de técnica em consultório, além dessa ilegalidade, tem todos esses riscos.
Em Brasília, chega ao cúmulo dos anestesitas cobrarem mais caro para os dentistas, por causa de risco. Isso não existe. Isso aí é uma afronta a tudo isso." 

Cris Campos, Portal WWOW – Mas os implantes em zigoma já são feitos todos em hospitais.
Dr. Roberto Vianna – "Claro, é onde tem que se fazer, onde nós teríamos que fazer todas essas técnicas. Querem usar técnica, mas da maneira legal. Leve para o centro cirúrgico, use a intravenosa, não tenho nada contra. O circuito aberto de anestesia geral, claro que dificulta, no caso de algum acidente que tiver. A segurança do óxido nitroso e dessa técnica é porque ela não tem nada para atingir aos centros bulbais. Agora, essa outra tem. A reversão, o formazenil, na verdade ele vai agir por competição. Como os neurotransmissores, que são os que estarão sendo afetados pelo benzodiazepini, tem um que eles preferem que é o formazenil, que corta o efeito do outro, mas o outro continua circulante. E também tem uma limitação, você não pode dar mais de 2 miligramas de formazenil.
Então, a sedação com óxido nitroso é a mais segura devido a tudo isso. Mas não adianta achar que a conhece. Tem que estar junto com instituições sérias; ver os cursos de qualidades dados por instituições odontológicas de grande tradição - não é pegar qualquer cursinho na esquina; estar no curriculum das universidades. Verificar bem que a proposta é para melhorar o próprio consultório e todos nós sabemos que investimentos têm retorno. Nós vimos que o investimento estava proibitivo logo que saiu, mas agora com a possibilidade de estar ao alcance de todos os dentistas, vai ter mais gente se preparando. Logo, se juntar para crescer e para fiscalizar dentro de uma coisa real. Juntar os anestesistas, mas dentro de uma situação onde você tem que ficar cada vez mais seguro."

Cris Campos, Portal WWOW – O senhor poderia explicar o que é a sedação com óxido nitroso, como se falasse a uma criança?
Dr. Roberto Vianna
– "O paciente chega, estamos lá e queremos que ele fique tranqüilo. A criança tem um responsável. É mais importante que ele aprenda o que ele vai fazer, do que o que eu quero que ele faça. Nós temos esta rotina. A pessoa responsável vai ler uma matéria, que está na linguagem o mais coloquial possível, publicada na Veja, em 07 de abril de 2004, que diz em detalhe tudo que é para ela. Ali diz o que é o gás do risinho, o gás hilariante.
A uma criança de oito anos, à curiosidade dele, se quiser, dizemos assim: ‘- Vamos botar essa máscara e a sensação que você tem é semelhante à que você estar com uma máscara de astronauta.’ Isso se ele é menino. Senão, faz de conta, que é a máscara do Peter Pan, do Pinóquio. ‘- Mas olha, ficou bem hein, na foto.’ Quer dizer: você vai naquela interação. É mais fácil ele aceitar uma máscara que não tem nenhuma agressão a ele, do que um instrumento de dentista que, por si só, tem uma ponta e é muito mais agressivo. A criança toca e aquilo é borracha. Ela toca, morde, cheira - e tem aquela que vem com o cheirinho de tutti fruti, laranja, baunilha. E elas já vêm com bichinho, que é um dinossaurosinho. Ou senão é a cor.
Quem não gosta de ser criança? Eu conheço adolescentes e conheço adultos que usam o aparelho e se sentem muito mais jovens. Eu não sou daqueles que vai estar contra, e nem acho que o dentista está se prostituindo por existir, no quite noiva do Gugu o dentista para dar um clareamento. Todos nós sabemos, principalmente quem trabalha em marketing na odontologia, que a grande procura ao dentista é pela estética. Ninguém vai vir aqui para procurar saúde oral, não falam isso não. ‘- Quero é dentes mais bonitos.’ Mas lógico que é, tá ali toda a auto-estima. Em todos esses programas, aquele Extreme Mak Over. Como eu vou achar que eu, dentista, estou ficando pior, porque eu tenho um colega que está integrado no que a população está buscando?
Então, para a criança de oito anos, esse garotinho é muito mais fácil a gente chegar a ele. E a gente vai chegar a isso. O português, na nossa língua, tem uma grande vantagem, uma frase: ‘- Tudo bem? Tudo bem!’ Você usa essas duas palavras e só quem fala português, ou é brasileiro, que pode entender na mesma língua. O garoto, na linguagem dele, aquilo não é ameaça para ele. Ele não se sente ameaçado como ele sentiria pela agulha. Agora, tudo é feito em uma situação em que para ele está mais agradável.
Apesar dos cento e sessenta anos, ela (a sedação com óxido nitroso) teve uma evolução enorme na odontologia. Aqui demorou a começar, começou em 2004 regulamentada, mas sem dúvida nenhuma, o Brasil hoje é a terceira força em pesquisa e publicação no mundo inteiro."

Cris Campos, Portal WWOW – Por tudo que o senhor falou, não tem como pensar em qualidade de vida na odontologia sem óxido nitroso?
Dr. Roberto Vianna – "Não tem. Já imaginou a preocupação e a angústia que a gente já vive com a violência urbana, com a perda do tempo. Você pegou o ponto onde o pessoal de marketing, nos Estados Unidos, está cada vez mais trabalhando: relax. Aqui, nós praticamos a odontologia do conforto."

Cris Campos, Portal WWOW – Doutor Roberto, é gratificante trabalhar na linha de ponta deste tipo de sedação, após tantos anos de carreira e renome?
Dr. Roberto Vianna – "O que eu fico mais satisfeito é em função das realizações que eu já fiz. Não só pela parte de vida, por tudo que eu já superei e se eu cheguei até onde eu estou hoje devo exclusivamente à minha carreira. E o que quer dizer isso? Que eu hoje tenho mais milhas voadas em uma determinada companhia, que é, por exemplo, a American Airlines, que muito piloto que está trabalhando hoje. Eu tenho mais de dois milhões e trezentas mil milhas, isso de 1992 até agora. Formei em 1965 e o retorno que eu tenho é exatamente de estar aqui neste congresso. Olha, a profissão de odontologia é gratificante. Em outra época, se ganhava até mais dinheiro. Agora, cada vez que o dentista está se tornando mais membro da comunidade, mais socializado e pensando mais nisso, ele também está tendo outras possibilidades. No momento em que ele entende que o paciente não veio, como vai a um supermercado, para pagar o consultório, tudo isso vai lhe rendendo muito mais.
O congresso da APCD, ou o congresso paulista, o CIOSP, hoje ele é o terceiro em participação pela indústria; mas em freqüência, quando não é o primeiro, ele é quase o primeiro. Então, a odontologia brasileira deve esse crescimento a todas as interações, à mídia, no momento em que passou a se integrar mais.
Meu reconhecimento é poder testemunhar a odontologia que eu comecei, com uma frase que tinha lá quando eu estava fazendo vestibular, já que o vestibular naquela época era na própria universidade, a Universidade do Brasil, no Rio de Janeiro. Estava lá escrito: 'Ser perfeito em tudo o que fizeres.' Fui raciocinar depois. Sempre que você busca a excelência, o retorno é excelente. O retorno vem, se você acredita, se acredita na instituição. Você não pode querer ser um indivíduo isolado. Lamentavelmente, o dentista quando pensa, pensa em ficar dentro daquelas quatro paredes, ele já tem uma tendência para não se socializar. Mas o mundo de hoje é globalizado. Tem a televisão que nos joga todos. E eu adorei o seu portal WWOW!" 

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