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9/5/2025
 
Artigo

- Estomatologia
Câncer bucal e seus fatores de risco

teste

O termo fator de risco refere-se ao perigo ou à probabilidade de perigo, e pode ser entendido como o fator que possibilita ou é responsável pelo dano causado no organismo.

Quando somos expostos a determinados fatores de risco, que podem ser herdados ou adquiridos e acumulados durante a vida do indivíduo, ficamos mais susceptíveis a contrair doenças.

Os fatores de natureza química, física ou biológica, cujos mecanismos de ação na produção e desenvolvimento do câncer (carcinogênese) estão bem estabelecidos, são denominados agentes cancerígenos (capazes de produzir câncer).

Os efeitos cumulativos de diferentes agentes seriam os responsáveis pelo início, promoção e desenvolvimento do crescimento tumoral. A carcinogênese seria determinada por esses agentes, em uma dada freqüência, período de tempo e pela interação entre eles. Além disso, devem ser consideradas as características individuais, que facilitam ou dificultam a instalação do dano celular, provocados por esses agentes cancerígenos.

O principal fator de risco para o câncer bucal é o tabagismo, devido à alta quantidade de substâncias carcinogênicas presentes em produtos derivados do tabaco. Logo após vem o etilismo (consumo de bebida alcoólica), sendo que a associação de ambos aumenta a possibilidade de desenvolvimento do câncer de boca.

Sabemos que a higiene bucal precária, dieta deficitária (principalmente de vitamina A, C, E, selênio e cálcio), entre outras, também são relatadas como fatores de risco para neoplasia maligna.

Sendo assim, os principais fatores de risco relacionados ao câncer bucal, principalmente para o carcinoma espinocelular (CEC), são o tabagismo, etilismo (álcool), radiação não ionizante (luz solar), agentes infecciosos (vírus, fungos, etc), dieta, além de outros fatores.

Tabagismo

Sabe-se que o tabaco é fator de risco para cânceres de pulmão, laringe, faringe, estômago, pâncreas, bexiga e principalmente para a boca. 

O tabagismo é um vício (hábito prejudicial) com intensa disseminação pelo mundo, estando presente em praticamente todas as culturas, e é considerado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) a maior causa isolada e evitável de doenças e mortes no mundo, além de maior poluidor doméstico. Sua fumaça possui uma mistura de aproximadamente cinco mil elementos químicos diferentes e alguns desses são comprovadamente cancerígenos.

O tabaco em todas as suas variações, como cigarro, cachimbo, charuto, rapé, cigarro de palha, fumo de rolo mascado, além de outras formas, são nocivas à saúde.

No Brasil, o tabaco é mais utilizado na forma de cigarro, sendo que em todos os seus tipos a composição é semelhante. Independentemente de ser light ou com filtro especial, ele é prejudicial à saúde.

A ação dos elementos carcinogênicos contidos no tabaco tem ação direta na mucosa bucal, como irritante químico sobre as células, modificando-as por absorção desses produtos.

O tabaco resseca a mucosa provocando aumento da camada de queratina, facilitando a ação de outros elementos carcinogênicos e aumentando a possibilidade do risco para câncer bucal.

O consumo de tabaco está relacionado a alterações gengivais, doenças periodontais, aumento do risco de perda óssea alveolar, dificuldade de cicatrização, redução dos níveis de IgA secretória na saliva e possibilidade de aparecimento de lesões cancerizáveis, notadamente a leucoplasia.

É importante ressaltar os efeitos nocivos do cigarro principalmente nos jovens, pois o início do vício do tabagismo ocorre frequentemente entre os 14 e 19 anos de idade, com tendência dessa faixa etária diminuir nas próximas décadas.

Não é só com o câncer de boca que os fumantes devem se preocupar. O fumo chega a aumentar em oito vezes o risco a determinados tipos de câncer, e triplica a incidência de ataques cardíacos.

Etilismo (álcool)

O álcool vem sendo considerado há muito tempo um importante fator no desenvolvimento do câncer. Independentemente da quantidade de álcool que possuem, as bebidas alcoólicas agem diretamente na mucosa bucal, irritando-a por meio de seus componentes químicos (substâncias aromáticas, alcalóides, hidrocarbonetos, policíclicos, entre outras).

O álcool age como solvente, facilitando a exposição da mucosa bucal a outros fatores carcinogênicos; age diminuindo a velocidade de reação da defesa do organismo e provoca injúria celular, produzida pelos metabólicos do etanol, os chamados aldeídos.

A concentração do álcool nas bebidas fermentadas é menor que nas bebidas destiladas. A cerveja apresenta aproximadamente 5% de álcool, a cachaça 50%, o uísque aproximadamente 40%, o vinho aproximadamente 18%. Portanto, bebedores de cachaça possuem maior risco de dano celular da mucosa bucal que os bebedores de cerveja.

As bebidas alcoólicas ingeridas cronicamente em grande quantidade provocam deficiências nutricionais e alterações no fígado, como a cirrose, além de defeitos estruturais e metabólicos nas mucosas, predispondo-a mais intensamente a irritantes crônicos.  

A influência do consumo excessivo de bebidas alcoólicas e do tabagismo no desenvolvimento do câncer bucal foi amplamente discutida. É inegável, porém, a ação sinérgica entre esses dois fatores de risco, que associados aumentam o poder de irritação sobre a mucosa bucal, predispondo a um maior desenvolvimento de câncer de boca, faringe, estômago e pulmão.

Radiação não ionizante (luz solar) 

A porção ultravioleta (UV) do espectro da luz solar produz dano celular tanto no epitélio como no tecido conjuntivo subjacente. Além disso, quando há exposição excessiva existe risco de desenvolvimento de carcinoma no lábio inferior.

Muitos fatores concorrem para a potencialização dos raios solares como agentes causais (cancerígenos) do câncer de pele e da semimucosa do lábio inferior, devendo ser considerados entre eles: quantidade de pigmentação melânica, sensibilidade da pele e semimucosa, tempo de exposição à luz solar, tipo de radiação, ocupação do indivíduo, localização geográfica (latitude), associação com outros elementos naturais (vento, temperatura, estação do ano), horários de exposição ao sol, comprimento de onda dessas radiações, seu ângulo de incidência e susceptibilidade individual.

A lesão cutânea (pele) e a lesão de semimucosa (vermelhão) de lábio inferior provocada por exposição ao sol de forma cumulativa são mais comuns em pessoas de pele clara, com pouca pigmentação melânica. Indubitavelmente, a melanina age como fator protetor, principalmente como uma barreira física que impede a passagem dos raios ultravioletas.

Todos os indivíduos de pele clara que se expõe demasiadamente ao sol, principalmente no horário das 9 às 17 horas, devem se proteger. A exposição repetitiva ao sol sem os devidos cuidados de proteção pode, depois de cerca de 15 a 30 anos, levar ao aparecimento de lesões hiperceratóticas (esbranquiçadas, ásperas) que podem desenvolver câncer de pele e na semimucosa de lábio inferior.

Agentes infecciosos 

Existem evidências da relação dos agentes viróticos com o câncer. Os vírus são agressores intracelulares que deturpam o RNA (ácido ribonucléico) mensageiro, modificando o código organizado e transmitido pelo DNA (ácido desoxirribonucléico) nuclear. É preciso manter a concepção que a oncogênese é multifatorial, não sendo o vírus o único a ser considerado.

O Papiloma vírus humano (HPV), o vírus Epstein-Barr, o vírus do herpes tipo 6, o vírus do herpes simples I e II, o citomegalovírus, o vírus tipo C da hepatite, e linfoma T são associados ao câncer bucal. Esses agentes biológicos têm sinergismo com o tabagismo, etilismo, luz solar, dieta, aumentando o risco da neoplasia maligna na região.

Atualmente, o vírus do papiloma humano (HPV) é considerado o marcador de risco mais importante para o câncer de colo de útero. Na cavidade bucal sua ação parece denotar mais estudos, pois a prevalência na população em geral é muito superior aos casos de carcinoma bucal.

Dieta 

É recente o estudo do papel da dieta alimentar como fator de risco para o câncer bucal, constituindo um tópico em evolução na oncologia. É importante salientar que existem poucos estudos conclusivos da associação da dieta alimentar com o câncer de boca.

Muitos componentes da dieta alimentar têm sido relacionados com o processo de desenvolvimento do câncer. Deficiências nutricionais tornam a mucosa bucal mais predisposta (susceptível) a outros fatores de risco. As vitaminas, os oligoelementos e outros produtos da dieta alimentar se interagem no sistema, geralmente se tornam interdependentes, ou seja, para se tornarem ativos necessitam de interações.

Atualmente os antioxidantes têm recebido atenção especial principalmente como proteção a tecidos epiteliais, porém entende-se que agem de forma sinérgica entre si diminuindo o risco de neoplasias.

As vitaminas (A,B,C,D e E), selênio e cálcio têm sido relacionados à quimioprevenção, e a falta deles a um maior risco de aparecimento de cânceres.

O paciente bem nutrido, que mantém uma dieta rica em frutas, hortaliças, folhas verdes, alimentos fibrosos, vitaminas e antioxidantes conta com um “fator de proteção”, diminuindo o risco de cânceres.

Outros fatores de risco

É importante salientar que a relação entre exposição a determinados fatores de risco e a ocorrência de câncer não são claras, devendo haver maior investigação entre causa e efeito.

Dessa forma, há fatores de risco que podem estar associados a determinado câncer e a outros não, e nem sempre é fácil reconhecer o fator de risco no desenvolvimento de uma doença, principalmente para a neoplasia maligna.

A produção e desenvolvimento das neoplasias malignas têm início por inúmeros fatores (multifatorial), que coexistem, apresentam associações e se potencializam.

Fatores ocupacionais: Os cânceres ocupacionais vêm tomando uma posição de destaque em nossos dias, pois os trabalhadores ficam cada vez mais expostos a substâncias tóxicas, sem terem consciência de seus efeitos prejudiciais.

Algumas substâncias químicas e atividades ocupacionais são capazes, em maior ou menor grau, de induzir a carcinogênese no homem.

Sopradores de vidro, marceneiros, sapateiros e pessoas que exercem ocupações relacionadas ao manuseio com sílica, arsênio, benzeno, níquel, entre outros, estão mais propensas a sofrerem os efeitos nocivos causados por essas substâncias.

O CEC de boca está relacionado com algumas atividades profissionais ligadas ao processamento de metais, madeiras, fibras têxteis, couro, asbestos, níquel, álcool isopropílico, ácido sulfúrico. 

Profissões ligadas à indústria tipográfica e ao comércio do álcool apresentam maior índice de câncer bucal e de faringe. As profissões que expõe os trabalhadores a irritações da exposição excessiva à luz solar e a variações climáticas, como ventos, geadas e exposição solar continuada, apresentam maior risco de incidência do câncer de pele e semimucosa do lábio inferior.

Medicamentos: Algumas drogas utilizadas em terapias possuem entre seus efeitos colaterais indesejáveis a produção e desenvolvimento de neoplasias malignas (carcinogênese). Agentes imunossupressores, a fenacetina, dietilestilbestrol, e inúmeras drogas têm sido responsabilizadas ou relacionadas ao risco de câncer.

Radiações: As radiações ionizantes utilizadas principalmente nos exames radiológicos, radioterapia e as fontes naturais ionizantes aumentam o risco a determinados tumores. É associada ao tempo de exposição, quantidade e qualidade de radiação.

Susceptibilidade genética: Fatores como hereditariedade, susceptibilidade individual e fatores endócrinos têm relação com a maior facilidade de iniciação e produção do câncer, porém são raros os casos da doença que se devem exclusivamente a fatores constitucionais.

O fator genético envolvendo o câncer de boca é pouco discutido na literatura, e quando há referência é em relação ao CEC de semimucosa do lábio inferior no albinismo e no xeroderma pigmentoso.

Doenças sistêmicas: Toda doença sistêmica que modifica o comportamento da mucosa bucal favorece a ação de carcinógenos.

A cirrose hepática, anemia crônica, diabete mellitus, sífilis, pacientes transplantados e outros fatores que deprimem o sistema de defesa contribuem para que o risco de câncer bucal seja aumentado.

Irritação mecânica crônica: O trauma crônico (constante), irritativo, de longa duração e baixa intensidade geralmente forma nódulos (aumentos consistentes) sem características neoplásicas, como as hiperplasias e granulomas.

As irritações mecânicas na mucosa bucal são provocadas, na maioria das vezes, por uma saúde bucal precária. Quando não é realizada uma boa higiene bucal, é maior a probabilidade de existência de dentes cariados com bordas cortantes, restaurações irregulares, dentes ectópicos, próteses parciais fixas sem adequada adaptação, próteses parciais removíveis sem estabilidade e com arestas cortantes, próteses totais deficientes ou em más condições de uso.  

Os traumas crônicos não seriam agentes carcinogênicos, pois há de acrescentar-se fatores endógenos como: constituição, hereditariedade, sexo, idade e fatores exógenos entre os quais dieta, etilismo e tabagismo.

 

Trechos retirados do “Manual de Câncer Bucal”, desenvolvido pelo Prof. Dr. Haroldo Arid Soares para o Programa de Valorização da Odontologia do CROSP.

O termo fator de risco refere-se ao perigo ou à probabilidade de perigo, e pode ser entendido como o fator que possibilita ou é responsável pelo dano causado no organismo.

Quando somos expostos a determinados fatores de risco, que podem ser herdados ou adquiridos e acumulados durante a vida do indivíduo, ficamos mais susceptíveis a contrair doenças.

Os fatores de natureza química, física ou biológica, cujos mecanismos de ação na produção e desenvolvimento do câncer (carcinogênese) estão bem estabelecidos, são denominados agentes cancerígenos (capazes de produzir câncer).

Os efeitos cumulativos de diferentes agentes seriam os responsáveis pelo início, promoção e desenvolvimento do crescimento tumoral. A carcinogênese seria determinada por esses agentes, em uma dada freqüência, período de tempo e pela interação entre eles. Além disso, devem ser consideradas as características individuais, que facilitam ou dificultam a instalação do dano celular, provocados por esses agentes cancerígenos.

O principal fator de risco para o câncer bucal é o tabagismo, devido à alta quantidade de substâncias carcinogênicas presentes em produtos derivados do tabaco. Logo após vem o etilismo (consumo de bebida alcoólica), sendo que a associação de ambos aumenta a possibilidade de desenvolvimento do câncer de boca.

Sabemos que a higiene bucal precária, dieta deficitária (principalmente de vitamina A, C, E, selênio e cálcio), entre outras, também são relatadas como fatores de risco para neoplasia maligna.

Sendo assim, os principais fatores de risco relacionados ao câncer bucal, principalmente para o carcinoma espinocelular (CEC), são o tabagismo, etilismo (álcool), radiação não ionizante (luz solar), agentes infecciosos (vírus, fungos, etc), dieta, além de outros fatores.

Tabagismo

Sabe-se que o tabaco é fator de risco para cânceres de pulmão, laringe, faringe, estômago, pâncreas, bexiga e principalmente para a boca. 

O tabagismo é um vício (hábito prejudicial) com intensa disseminação pelo mundo, estando presente em praticamente todas as culturas, e é considerado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) a maior causa isolada e evitável de doenças e mortes no mundo, além de maior poluidor doméstico. Sua fumaça possui uma mistura de aproximadamente cinco mil elementos químicos diferentes e alguns desses são comprovadamente cancerígenos.

O tabaco em todas as suas variações, como cigarro, cachimbo, charuto, rapé, cigarro de palha, fumo de rolo mascado, além de outras formas, são nocivas à saúde.

No Brasil, o tabaco é mais utilizado na forma de cigarro, sendo que em todos os seus tipos a composição é semelhante. Independentemente de ser light ou com filtro especial, ele é prejudicial à saúde.

A ação dos elementos carcinogênicos contidos no tabaco tem ação direta na mucosa bucal, como irritante químico sobre as células, modificando-as por absorção desses produtos.

O tabaco resseca a mucosa provocando aumento da camada de queratina, facilitando a ação de outros elementos carcinogênicos e aumentando a possibilidade do risco para câncer bucal.

O consumo de tabaco está relacionado a alterações gengivais, doenças periodontais, aumento do risco de perda óssea alveolar, dificuldade de cicatrização, redução dos níveis de IgA secretória na saliva e possibilidade de aparecimento de lesões cancerizáveis, notadamente a leucoplasia.

É importante ressaltar os efeitos nocivos do cigarro principalmente nos jovens, pois o início do vício do tabagismo ocorre frequentemente entre os 14 e 19 anos de idade, com tendência dessa faixa etária diminuir nas próximas décadas.

Não é só com o câncer de boca que os fumantes devem se preocupar. O fumo chega a aumentar em oito vezes o risco a determinados tipos de câncer, e triplica a incidência de ataques cardíacos.

Etilismo (álcool)

O álcool vem sendo considerado há muito tempo um importante fator no desenvolvimento do câncer. Independentemente da quantidade de álcool que possuem, as bebidas alcoólicas agem diretamente na mucosa bucal, irritando-a por meio de seus componentes químicos (substâncias aromáticas, alcalóides, hidrocarbonetos, policíclicos, entre outras).

O álcool age como solvente, facilitando a exposição da mucosa bucal a outros fatores carcinogênicos; age diminuindo a velocidade de reação da defesa do organismo e provoca injúria celular, produzida pelos metabólicos do etanol, os chamados aldeídos.

A concentração do álcool nas bebidas fermentadas é menor que nas bebidas destiladas. A cerveja apresenta aproximadamente 5% de álcool, a cachaça 50%, o uísque aproximadamente 40%, o vinho aproximadamente 18%. Portanto, bebedores de cachaça possuem maior risco de dano celular da mucosa bucal que os bebedores de cerveja.

As bebidas alcoólicas ingeridas cronicamente em grande quantidade provocam deficiências nutricionais e alterações no fígado, como a cirrose, além de defeitos estruturais e metabólicos nas mucosas, predispondo-a mais intensamente a irritantes crônicos.  

A influência do consumo excessivo de bebidas alcoólicas e do tabagismo no desenvolvimento do câncer bucal foi amplamente discutida. É inegável, porém, a ação sinérgica entre esses dois fatores de risco, que associados aumentam o poder de irritação sobre a mucosa bucal, predispondo a um maior desenvolvimento de câncer de boca, faringe, estômago e pulmão.

Radiação não ionizante (luz solar) 

A porção ultravioleta (UV) do espectro da luz solar produz dano celular tanto no epitélio como no tecido conjuntivo subjacente. Além disso, quando há exposição excessiva existe risco de desenvolvimento de carcinoma no lábio inferior.

Muitos fatores concorrem para a potencialização dos raios solares como agentes causais (cancerígenos) do câncer de pele e da semimucosa do lábio inferior, devendo ser considerados entre eles: quantidade de pigmentação melânica, sensibilidade da pele e semimucosa, tempo de exposição à luz solar, tipo de radiação, ocupação do indivíduo, localização geográfica (latitude), associação com outros elementos naturais (vento, temperatura, estação do ano), horários de exposição ao sol, comprimento de onda dessas radiações, seu ângulo de incidência e susceptibilidade individual.

A lesão cutânea (pele) e a lesão de semimucosa (vermelhão) de lábio inferior provocada por exposição ao sol de forma cumulativa são mais comuns em pessoas de pele clara, com pouca pigmentação melânica. Indubitavelmente, a melanina age como fator protetor, principalmente como uma barreira física que impede a passagem dos raios ultravioletas.

Todos os indivíduos de pele clara que se expõe demasiadamente ao sol, principalmente no horário das 9 às 17 horas, devem se proteger. A exposição repetitiva ao sol sem os devidos cuidados de proteção pode, depois de cerca de 15 a 30 anos, levar ao aparecimento de lesões hiperceratóticas (esbranquiçadas, ásperas) que podem desenvolver câncer de pele e na semimucosa de lábio inferior.

Agentes infecciosos 

Existem evidências da relação dos agentes viróticos com o câncer. Os vírus são agressores intracelulares que deturpam o RNA (ácido ribonucléico) mensageiro, modificando o código organizado e transmitido pelo DNA (ácido desoxirribonucléico) nuclear. É preciso manter a concepção que a oncogênese é multifatorial, não sendo o vírus o único a ser considerado.

O Papiloma vírus humano (HPV), o vírus Epstein-Barr, o vírus do herpes tipo 6, o vírus do herpes simples I e II, o citomegalovírus, o vírus tipo C da hepatite, e linfoma T são associados ao câncer bucal. Esses agentes biológicos têm sinergismo com o tabagismo, etilismo, luz solar, dieta, aumentando o risco da neoplasia maligna na região.

Atualmente, o vírus do papiloma humano (HPV) é considerado o marcador de risco mais importante para o câncer de colo de útero. Na cavidade bucal sua ação parece denotar mais estudos, pois a prevalência na população em geral é muito superior aos casos de carcinoma bucal.

Dieta 

É recente o estudo do papel da dieta alimentar como fator de risco para o câncer bucal, constituindo um tópico em evolução na oncologia. É importante salientar que existem poucos estudos conclusivos da associação da dieta alimentar com o câncer de boca.

Muitos componentes da dieta alimentar têm sido relacionados com o processo de desenvolvimento do câncer. Deficiências nutricionais tornam a mucosa bucal mais predisposta (susceptível) a outros fatores de risco. As vitaminas, os oligoelementos e outros produtos da dieta alimentar se interagem no sistema, geralmente se tornam interdependentes, ou seja, para se tornarem ativos necessitam de interações.

Atualmente os antioxidantes têm recebido atenção especial principalmente como proteção a tecidos epiteliais, porém entende-se que agem de forma sinérgica entre si diminuindo o risco de neoplasias.

As vitaminas (A,B,C,D e E), selênio e cálcio têm sido relacionados à quimioprevenção, e a falta deles a um maior risco de aparecimento de cânceres.

O paciente bem nutrido, que mantém uma dieta rica em frutas, hortaliças, folhas verdes, alimentos fibrosos, vitaminas e antioxidantes conta com um “fator de proteção”, diminuindo o risco de cânceres.

Outros fatores de risco

É importante salientar que a relação entre exposição a determinados fatores de risco e a ocorrência de câncer não são claras, devendo haver maior investigação entre causa e efeito.

Dessa forma, há fatores de risco que podem estar associados a determinado câncer e a outros não, e nem sempre é fácil reconhecer o fator de risco no desenvolvimento de uma doença, principalmente para a neoplasia maligna.

A produção e desenvolvimento das neoplasias malignas têm início por inúmeros fatores (multifatorial), que coexistem, apresentam associações e se potencializam.

Fatores ocupacionais: Os cânceres ocupacionais vêm tomando uma posição de destaque em nossos dias, pois os trabalhadores ficam cada vez mais expostos a substâncias tóxicas, sem terem consciência de seus efeitos prejudiciais.

Algumas substâncias químicas e atividades ocupacionais são capazes, em maior ou menor grau, de induzir a carcinogênese no homem.

Sopradores de vidro, marceneiros, sapateiros e pessoas que exercem ocupações relacionadas ao manuseio com sílica, arsênio, benzeno, níquel, entre outros, estão mais propensas a sofrerem os efeitos nocivos causados por essas substâncias.

O CEC de boca está relacionado com algumas atividades profissionais ligadas ao processamento de metais, madeiras, fibras têxteis, couro, asbestos, níquel, álcool isopropílico, ácido sulfúrico. 

Profissões ligadas à indústria tipográfica e ao comércio do álcool apresentam maior índice de câncer bucal e de faringe. As profissões que expõe os trabalhadores a irritações da exposição excessiva à luz solar e a variações climáticas, como ventos, geadas e exposição solar continuada, apresentam maior risco de incidência do câncer de pele e semimucosa do lábio inferior.

Medicamentos: Algumas drogas utilizadas em terapias possuem entre seus efeitos colaterais indesejáveis a produção e desenvolvimento de neoplasias malignas (carcinogênese). Agentes imunossupressores, a fenacetina, dietilestilbestrol, e inúmeras drogas têm sido responsabilizadas ou relacionadas ao risco de câncer.

Radiações: As radiações ionizantes utilizadas principalmente nos exames radiológicos, radioterapia e as fontes naturais ionizantes aumentam o risco a determinados tumores. É associada ao tempo de exposição, quantidade e qualidade de radiação.

Susceptibilidade genética: Fatores como hereditariedade, susceptibilidade individual e fatores endócrinos têm relação com a maior facilidade de iniciação e produção do câncer, porém são raros os casos da doença que se devem exclusivamente a fatores constitucionais.

O fator genético envolvendo o câncer de boca é pouco discutido na literatura, e quando há referência é em relação ao CEC de semimucosa do lábio inferior no albinismo e no xeroderma pigmentoso.

Doenças sistêmicas: Toda doença sistêmica que modifica o comportamento da mucosa bucal favorece a ação de carcinógenos.

A cirrose hepática, anemia crônica, diabete mellitus, sífilis, pacientes transplantados e outros fatores que deprimem o sistema de defesa contribuem para que o risco de câncer bucal seja aumentado.

Irritação mecânica crônica: O trauma crônico (constante), irritativo, de longa duração e baixa intensidade geralmente forma nódulos (aumentos consistentes) sem características neoplásicas, como as hiperplasias e granulomas.

As irritações mecânicas na mucosa bucal são provocadas, na maioria das vezes, por uma saúde bucal precária. Quando não é realizada uma boa higiene bucal, é maior a probabilidade de existência de dentes cariados com bordas cortantes, restaurações irregulares, dentes ectópicos, próteses parciais fixas sem adequada adaptação, próteses parciais removíveis sem estabilidade e com arestas cortantes, próteses totais deficientes ou em más condições de uso.  

Os traumas crônicos não seriam agentes carcinogênicos, pois há de acrescentar-se fatores endógenos como: constituição, hereditariedade, sexo, idade e fatores exógenos entre os quais dieta, etilismo e tabagismo.

 

Trechos retirados do “Manual de Câncer Bucal”, desenvolvido pelo Prof. Dr. Haroldo Arid Soares para o Programa de Valorização da Odontologia do CROSP.

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