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O sucesso clínico e estético das reabilitações orais depende, em grande parte, dos biomateri-ais usados no procedimento: implantes, enxer-tos ósseos, abutments, osseocondutores sin-téticos, entre outros. Primordiais para o pro-cedimento, os implantes de titânio devem apresentar propriedades de biocompatibilidade, para que não provoquem reações indesejáveis ao organismo, e de biofun-cionalidade, atendendo às funções que devem exercer, princi-palmente a mecânica, impostas pela intensidade e freqüência da mastigação.
Atualmente, os implantes vêm recebendo mais pesquisas e evo-luindo em dois campos principais: microssuperfície e desenho. “Diferentes processos de tratamento da superfície do titânio têm proporcionado respostas biológicas ainda mais refinadas. Estes tratamentos são capazes de alterar a topografia e as características moleculares do titânio em nível nanométrico”, diz o implantodontista Aziz Constantino, também doutorando em Biomateriais.
As superfícies diferenciadas contribuem muito para o tratamento de casos mais complexos. “Esta evolução técnica permite ele-vados índices de sucesso em áreas de osso pobre, levando à possibilidade segura de tratamento em locais que apresentam baixa previsibilidade”, completa o implantodontista Geninho Thomé. Além disso, as superfícies tratadas aumentam a aplica-bilidade de protocolos como o da carga imediata.
Para o futuro, Constantino diz que a grande busca é pela super-fície bioativa que induza o organismo a formar osso onde não existe. Já há avanços neste campo, mas ainda sem previsão de utilização prática. Ainda assim, o especialista ressalta a escala dos avanços na área: “É muito difícil aprimorar de forma signifi-cativa um dispositivo biológico que já atinge resultados excep-cionais há mais de 10 anos”.
Em relação ao desenho dos implantes, a principal alteração foi a incorporação de formas cônicas, que preservam os tecidos e apresentam desempenho otimizado. Constantino ainda destaca a ampliação no uso de implantes de diâmetro reduzido para aplicações específicas, principalmente na retenção de próteses totais em idosos.
A substituição do titânio por outro material também já foi cogi-tada e estudada. Porém, as vantagens que o material reúne em suas propriedades físicas e químicas são difíceis de ser supera-das. “Outros biomateriais como a zircônia e outras ligas de ti-tânio têm sido avaliadas, com avanços discretos, segundo sua to-xicidade, resistência mecânica e reações frente a osteoblas-tos e diversos fluídos”, afirma o especialista Jamil Awad Shibli. Já Constantino aponta outro fator favorável ao titânio ao res-saltar que “ele é uma matéria-prima de valor relativamente bai-xo, que oferece condições pouco complexas para ser usinado”.

Um material, o titânio, muitas variações em implantes e abutments
Implante verde e amarelo
A cultura brasileira teima em acreditar que o que é importado é melhor que o nacional. Com os implantes não é diferente, mas os produtos nacionais têm alcançado bons níveis de qua-lidade, inclusive, com aumento nas exportações. “O parque tecnológico brasileiro é capaz de produzir coisas muito mais complexas que implantes odontológi-cos. Não há dúvidas de que a maior parte dos implantes nacio-nais atinge a mesma qualidade que os melhores importados”, afirma Constantino. Shibli concorda e lembra que as empresas nacionais têm conseguido as certificações internacionais como ISO, CE e FDA, comprovando sua qualidade. Para ele, algumas fabricantes nacionais já estão investindo mais nas novas tecnologias, diminuindo o imediatismo mercantilista e iniciando um processo de estruturação técnico-científica. “Este fato já é reconhecido através dos trabalhos e pesquisas científicas produzidas, buscando observar como, quando e porque os implantes fracassam ou são bem-sucedidos” diz.
A qualidade dos implantes brasileiros também é assegurada por normas aplicadas ao processo produtivo de forma geral e fiscalizadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). No entanto, não são comuns as regras específicas para implantes. Constantino conta que, atualmente, no Comitê Brasileiro de Odonto-médico-hospitalar (CB 26) da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), do qual ele é membro, há um movimento para gerar normas e procedimentos específicos para a fabricação desse produto. “Conseguimos a aprovação de normas relacionadas aos parâmetros gerais para produção, embalagem e rotulagem, instrumentos de corte, implantes ortodônticos e estamos trabalhando no protocolo de validação de esterilização por radiação gama”, diz.
Já Lubiana vê na evolução da indústria o-dontológica brasileira, inclusive a da Implan-todontia, uma grande saída para ajudar o país a gerar divisas. “Já foi o tempo em que apenas mandávamos dólares para o exterior. A indústria brasileira compra o mesmo ma-terial e as mesmas máquinas que compra a indústria estrangeira para a fabricação de implantes, e tem investido em pesquisas, permitindo o uso dos implantes brasileiros com segurança aqui e no exterior. Isto ainda não permite dizer que somos melhores, mas com certeza estamos em um bom nível e devemos buscar o topo. Somente mais investimento em pesquisas de ponta poderá nos levar a este patamar e a indústria local tem que atentar para este fato” afirma.
Outros materiais
Componentes protéticos do implante, os abutments, são biomateriais tão antigos quanto os pinos de titânio, fazendo a junção deles com a prótese. “São parte fundamental, pois através deles define-se a característica geral da prótese, do ponto de vista mecânico e estético”, diz Aziz Constantino. O desenvolvimento tecnológico deu aos abutments diversos novos desenhos e materiais, melhorando os resultados.
Outro biomaterial constantemente usado em Implantodontia são os enxertos ósseos, que variam conforme a origem, o mecanis-mo de ação e como interagem com os tecidos adjacentes. Segundo o doutor em Reabilitação Oral César Augusto Arita, “os substitutos ósseos ideais devem manter a estabilidade mecânica e o volume tecidual durante sua cica-trização, para, depois, serem absorvidos e substituídos pro-gressivamente por novo osso”. O especialista completa que o enxerto autógeno, obtido do próprio paciente, de áreas intra ou extrabucais, é considerado ainda hoje o Padrão Ouro, sendo o único com capacidade osteogênica.

Enxerto ósseo
Constantino também dá destaque para os materiais osseo-condutores sintéticos, que tiveram seu uso ampliado nos últimos anos e permitem o crescimento do osso existente, depois de lentamente ser reabsorvido. Ele lembra das proteínas morfo-genéticas, que induzem o crescimento celular diferenciado de osso, gengiva ou periodonto. “Apesar do grande impacto que sua descoberta provocou há mais de 10 anos, tem sido uma grande decepção, pois ainda não se encontra disponível para aplicação clínica rotineira”, afirma.
Fonte: Revista ABO Nacional – Edição 83 - Vol. XV nº 2 Abr/Maio 2007
O sucesso clínico e estético das reabilitações orais depende, em grande parte, dos biomateri-ais usados no procedimento: implantes, enxer-tos ósseos, abutments, osseocondutores sin-téticos, entre outros. Primordiais para o pro-cedimento, os implantes de titânio devem apresentar propriedades de biocompatibilidade, para que não provoquem reações indesejáveis ao organismo, e de biofun-cionalidade, atendendo às funções que devem exercer, princi-palmente a mecânica, impostas pela intensidade e freqüência da mastigação.
Atualmente, os implantes vêm recebendo mais pesquisas e evo-luindo em dois campos principais: microssuperfície e desenho. “Diferentes processos de tratamento da superfície do titânio têm proporcionado respostas biológicas ainda mais refinadas. Estes tratamentos são capazes de alterar a topografia e as características moleculares do titânio em nível nanométrico”, diz o implantodontista Aziz Constantino, também doutorando em Biomateriais.
As superfícies diferenciadas contribuem muito para o tratamento de casos mais complexos. “Esta evolução técnica permite ele-vados índices de sucesso em áreas de osso pobre, levando à possibilidade segura de tratamento em locais que apresentam baixa previsibilidade”, completa o implantodontista Geninho Thomé. Além disso, as superfícies tratadas aumentam a aplica-bilidade de protocolos como o da carga imediata.
Para o futuro, Constantino diz que a grande busca é pela super-fície bioativa que induza o organismo a formar osso onde não existe. Já há avanços neste campo, mas ainda sem previsão de utilização prática. Ainda assim, o especialista ressalta a escala dos avanços na área: “É muito difícil aprimorar de forma signifi-cativa um dispositivo biológico que já atinge resultados excep-cionais há mais de 10 anos”.
Em relação ao desenho dos implantes, a principal alteração foi a incorporação de formas cônicas, que preservam os tecidos e apresentam desempenho otimizado. Constantino ainda destaca a ampliação no uso de implantes de diâmetro reduzido para aplicações específicas, principalmente na retenção de próteses totais em idosos.
A substituição do titânio por outro material também já foi cogi-tada e estudada. Porém, as vantagens que o material reúne em suas propriedades físicas e químicas são difíceis de ser supera-das. “Outros biomateriais como a zircônia e outras ligas de ti-tânio têm sido avaliadas, com avanços discretos, segundo sua to-xicidade, resistência mecânica e reações frente a osteoblas-tos e diversos fluídos”, afirma o especialista Jamil Awad Shibli. Já Constantino aponta outro fator favorável ao titânio ao res-saltar que “ele é uma matéria-prima de valor relativamente bai-xo, que oferece condições pouco complexas para ser usinado”.

Um material, o titânio, muitas variações em implantes e abutments
Implante verde e amarelo
A cultura brasileira teima em acreditar que o que é importado é melhor que o nacional. Com os implantes não é diferente, mas os produtos nacionais têm alcançado bons níveis de qua-lidade, inclusive, com aumento nas exportações. “O parque tecnológico brasileiro é capaz de produzir coisas muito mais complexas que implantes odontológi-cos. Não há dúvidas de que a maior parte dos implantes nacio-nais atinge a mesma qualidade que os melhores importados”, afirma Constantino. Shibli concorda e lembra que as empresas nacionais têm conseguido as certificações internacionais como ISO, CE e FDA, comprovando sua qualidade. Para ele, algumas fabricantes nacionais já estão investindo mais nas novas tecnologias, diminuindo o imediatismo mercantilista e iniciando um processo de estruturação técnico-científica. “Este fato já é reconhecido através dos trabalhos e pesquisas científicas produzidas, buscando observar como, quando e porque os implantes fracassam ou são bem-sucedidos” diz.
A qualidade dos implantes brasileiros também é assegurada por normas aplicadas ao processo produtivo de forma geral e fiscalizadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). No entanto, não são comuns as regras específicas para implantes. Constantino conta que, atualmente, no Comitê Brasileiro de Odonto-médico-hospitalar (CB 26) da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), do qual ele é membro, há um movimento para gerar normas e procedimentos específicos para a fabricação desse produto. “Conseguimos a aprovação de normas relacionadas aos parâmetros gerais para produção, embalagem e rotulagem, instrumentos de corte, implantes ortodônticos e estamos trabalhando no protocolo de validação de esterilização por radiação gama”, diz.
Já Lubiana vê na evolução da indústria o-dontológica brasileira, inclusive a da Implan-todontia, uma grande saída para ajudar o país a gerar divisas. “Já foi o tempo em que apenas mandávamos dólares para o exterior. A indústria brasileira compra o mesmo ma-terial e as mesmas máquinas que compra a indústria estrangeira para a fabricação de implantes, e tem investido em pesquisas, permitindo o uso dos implantes brasileiros com segurança aqui e no exterior. Isto ainda não permite dizer que somos melhores, mas com certeza estamos em um bom nível e devemos buscar o topo. Somente mais investimento em pesquisas de ponta poderá nos levar a este patamar e a indústria local tem que atentar para este fato” afirma.
Outros materiais
Componentes protéticos do implante, os abutments, são biomateriais tão antigos quanto os pinos de titânio, fazendo a junção deles com a prótese. “São parte fundamental, pois através deles define-se a característica geral da prótese, do ponto de vista mecânico e estético”, diz Aziz Constantino. O desenvolvimento tecnológico deu aos abutments diversos novos desenhos e materiais, melhorando os resultados.
Outro biomaterial constantemente usado em Implantodontia são os enxertos ósseos, que variam conforme a origem, o mecanis-mo de ação e como interagem com os tecidos adjacentes. Segundo o doutor em Reabilitação Oral César Augusto Arita, “os substitutos ósseos ideais devem manter a estabilidade mecânica e o volume tecidual durante sua cica-trização, para, depois, serem absorvidos e substituídos pro-gressivamente por novo osso”. O especialista completa que o enxerto autógeno, obtido do próprio paciente, de áreas intra ou extrabucais, é considerado ainda hoje o Padrão Ouro, sendo o único com capacidade osteogênica.

Enxerto ósseo
Constantino também dá destaque para os materiais osseo-condutores sintéticos, que tiveram seu uso ampliado nos últimos anos e permitem o crescimento do osso existente, depois de lentamente ser reabsorvido. Ele lembra das proteínas morfo-genéticas, que induzem o crescimento celular diferenciado de osso, gengiva ou periodonto. “Apesar do grande impacto que sua descoberta provocou há mais de 10 anos, tem sido uma grande decepção, pois ainda não se encontra disponível para aplicação clínica rotineira”, afirma.
Fonte: Revista ABO Nacional – Edição 83 - Vol. XV nº 2 Abr/Maio 2007