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Ao contrário dos planos médicos, em que os honorários do profissional são separados dos demais custos, como hospital, material e anestesista, na odontologia os procedimentos têm um pagamento único. No caso de uma extração de siso, por exemplo, o valor pago pelo convênio, de R$ 140, tem que cobrir os gastos com consultório, assistente e material. Isso tem afastado a adesão de muitos profissionais aos planos odontológicos.
A dentista Tatiana Bertolin, que tem 11 anos de profissão, não atende convênios porque acredita que eles não valem a pena financeiramente. Consul tórios odontológicos de padrão médio de qualidade, de acordo com ela, têm custo fixo mensal próximo de R$ 3 mil, sem considerar aluguel e condomínio – valor que não é possível cobrir com a remuneração dos convênios.
Para o secretário estadual do Conselho Regional de Odontologia (CRO), Roberto Cavali, é natural que os planos visem lucro, e as regras do mercado são claras. “Existe o profissional que não quer atender por qualquer preço, mas na outra ponta há outros vinte, na fila, buscando oportunidade de trabalho. As discussões desta relação são amplas e envolvem também o número de universidades formando dentistas. O problema é que os interesses nesse ponto normalmente saem do plano coletivo e pulam para o individual: quando bate no bolso, cada um se vira como pode”, diz o representante do CRO.
Consolidação
Para os empresários do setor de planos, a entrada de novos procedimentos no rol de serviços odontológicos obrigatórios, que passam a valer em julho (veja mais nesta página) será um grande passo rumo à profissionalização do segmento. Se gun do a avaliação do superintendente executivo do Instituto de Estudos de Saúde Suple mentar (IESS), José Cechin, a lógica é simples: quanto mais procedimentos incluídos no plano, maiores são os riscos do negócio e mais caro ele vai custar ao cliente.
Já na avaliação de operadores de convênios e cooperativas, esse movimento de fortalecimento dos seguros pode acabar extinguindo os planos em função da relação entre custo e arrecadação. O dentista Paulo Henrique Cariani, vice-presidente da Uniodonto Curitiba, afirma que não é coincidência as operadores mirarem a classe C como mais importante nas estratégias comerciais de expansão. “Nossas políticas têm cuidado especial com esse segmento. Nosso produto depende da popularidade da classe C para se manter.”
Foco na saúde
Na opinião de Léo Kriger, cirurgião-dentista e professor de saúde coletiva da PUC-PR e da Universidade Tuiuti, os planos odontológicos só terão um equilíbrio saudável quando for alterado o foco da remuneração. “Hoje o mercado de planos odontológicos ainda pensa mais na doença do que na saúde. Apesar de a propaganda ser bonita, ainda é um sistema que remunera os profissionais apenas pelas cirurgias executadas, e não pela saúde que ele presta ao paciente”, diz.
De acordo com ele, a odontologia clínica não demanda muitos custos com material, mas sim com o conhecimento do profissional, que deve estar atenção para a prevenção e o controle de doenças. Se ele não for remunerado pelo foco na prevenção, ele só terá retorno ao realizar um procedimento. “Infelizmente este acompanhamento clínico não é remunerado pelas prestadoras: para garantir um pagamento mínimo imediato, o profissional é sujeitado a adiantar procedimentos que poderiam ser evitados.”
De acordo com ele, grandes planos médicos já encontraram um caminho econômico diferente, focado em uma vida saudável. O estímulo a exames periódicos, descontos para quem monitora constantemente a pressão arterial ou preços mais caros para pacientes fumantes e obesos são alguns exemplos de gestão mais inteligente dos seguros de saúde que a odontologia deveria começar a aplicar. Kriger faz uma comparação entre diferentes mercados de risco: sob alguns aspectos, planos de saúde podem ser assemelhados à tomada de crédito em bancos. “Se o cliente tem bom histórico de pagamento, poderá ter uma taxa de juro mais baixa, com menor risco para a empresa.”
Fonte: Por André Luckman - Gazeta do povo
Ao contrário dos planos médicos, em que os honorários do profissional são separados dos demais custos, como hospital, material e anestesista, na odontologia os procedimentos têm um pagamento único. No caso de uma extração de siso, por exemplo, o valor pago pelo convênio, de R$ 140, tem que cobrir os gastos com consultório, assistente e material. Isso tem afastado a adesão de muitos profissionais aos planos odontológicos.
A dentista Tatiana Bertolin, que tem 11 anos de profissão, não atende convênios porque acredita que eles não valem a pena financeiramente. Consul tórios odontológicos de padrão médio de qualidade, de acordo com ela, têm custo fixo mensal próximo de R$ 3 mil, sem considerar aluguel e condomínio – valor que não é possível cobrir com a remuneração dos convênios.
Para o secretário estadual do Conselho Regional de Odontologia (CRO), Roberto Cavali, é natural que os planos visem lucro, e as regras do mercado são claras. “Existe o profissional que não quer atender por qualquer preço, mas na outra ponta há outros vinte, na fila, buscando oportunidade de trabalho. As discussões desta relação são amplas e envolvem também o número de universidades formando dentistas. O problema é que os interesses nesse ponto normalmente saem do plano coletivo e pulam para o individual: quando bate no bolso, cada um se vira como pode”, diz o representante do CRO.
Consolidação
Para os empresários do setor de planos, a entrada de novos procedimentos no rol de serviços odontológicos obrigatórios, que passam a valer em julho (veja mais nesta página) será um grande passo rumo à profissionalização do segmento. Se gun do a avaliação do superintendente executivo do Instituto de Estudos de Saúde Suple mentar (IESS), José Cechin, a lógica é simples: quanto mais procedimentos incluídos no plano, maiores são os riscos do negócio e mais caro ele vai custar ao cliente.
Já na avaliação de operadores de convênios e cooperativas, esse movimento de fortalecimento dos seguros pode acabar extinguindo os planos em função da relação entre custo e arrecadação. O dentista Paulo Henrique Cariani, vice-presidente da Uniodonto Curitiba, afirma que não é coincidência as operadores mirarem a classe C como mais importante nas estratégias comerciais de expansão. “Nossas políticas têm cuidado especial com esse segmento. Nosso produto depende da popularidade da classe C para se manter.”
Foco na saúde
Na opinião de Léo Kriger, cirurgião-dentista e professor de saúde coletiva da PUC-PR e da Universidade Tuiuti, os planos odontológicos só terão um equilíbrio saudável quando for alterado o foco da remuneração. “Hoje o mercado de planos odontológicos ainda pensa mais na doença do que na saúde. Apesar de a propaganda ser bonita, ainda é um sistema que remunera os profissionais apenas pelas cirurgias executadas, e não pela saúde que ele presta ao paciente”, diz.
De acordo com ele, a odontologia clínica não demanda muitos custos com material, mas sim com o conhecimento do profissional, que deve estar atenção para a prevenção e o controle de doenças. Se ele não for remunerado pelo foco na prevenção, ele só terá retorno ao realizar um procedimento. “Infelizmente este acompanhamento clínico não é remunerado pelas prestadoras: para garantir um pagamento mínimo imediato, o profissional é sujeitado a adiantar procedimentos que poderiam ser evitados.”
De acordo com ele, grandes planos médicos já encontraram um caminho econômico diferente, focado em uma vida saudável. O estímulo a exames periódicos, descontos para quem monitora constantemente a pressão arterial ou preços mais caros para pacientes fumantes e obesos são alguns exemplos de gestão mais inteligente dos seguros de saúde que a odontologia deveria começar a aplicar. Kriger faz uma comparação entre diferentes mercados de risco: sob alguns aspectos, planos de saúde podem ser assemelhados à tomada de crédito em bancos. “Se o cliente tem bom histórico de pagamento, poderá ter uma taxa de juro mais baixa, com menor risco para a empresa.”
Fonte: Por André Luckman - Gazeta do povo