- Radiologia Odontológica
A Radiologia Digital diminui os erros
teste
O Dr. Israel Chilvarquer, um dos mais respeitados radiologistas do Brasil, ministrou concorrido workshop no 24º CIOSP, lotado durante duas manhãs na sede da APCD Santana.
Em entrevista exclusiva ao WWOW, onde terá Coluna de Radiologia, Chilvarquer falou da "transformação" por que passou sua especialidade, nos últimos cinco anos e da sua atuação, como pioneiro no setor.
"Nós saímos da radiologia pura, que tem mais de 105 anos de existência, para nos dirigirmos para a radiologia digital". Para ele, "é o paciente que recebe o maior benefício dessas tecnologias. Por quê? A probabilidade de equívocos é bem menor, as atrogenias, os erros durante procedimentos."
Na era digital, Israel Chilvarquer trata também da importância de sites para os dentistas, como o WWOW, porque "o acesso à informação é a base de tudo". A mídia digital também ajuda o seu trabalho. "É a oportunidade de todo mundo ter acesso a informações que naturalmente são impossíveis, em condições normais, porque nem todo mundo tem acesso aos journals internacionais. Desta forma, isso fica mais fácil. E com alguns opinion leaders (líderes de opinião), acredito que isso vai contribuir para todo mundo."
Desde 1989
A captura da imagem em alta resolução, tridimensional, revoluciona a odontologia ao ponto de promover estudos sobre a aplicação de técnicas da engenharia aeroespacial, como a "prototipagem rápida das estruturas" - tema de pesquisa coordenada por Chilvarquer.
Na sua fala sobre tecnologia de ponta, o radiologista destacou a importância de a odontologia contar hoje com a força do diagnóstico por imagem com tecnologia digital, viabilizado pelos mais avançados exames - como tomografia computadorizada, a ressonância magnética e o ultra-som. Mas Chilvarquer lembra que o início não foi fácil, devido à complexidade do desafio que ele ajudou a vencer no Brasil.
De acordo com o professor da USP, "existiam as máquinas, nos centros médicos, mas ninguém utilizava por uma razão muito simples: porque ninguém tinha conhecimento de como utilizá-las e de como interpretá-las. Eu tive a felicidade de começar isso em 89 e, depois de 14 ou 15 anos, se propagou."
Prototipagem
Israel Chilvarquer afirma que a evolução da radiologia aponta para uma "terceira era, uma outra geração, dos tomógrafos digitas para odontologia". Aparelhos que viabilizam a adaptação de metodologias de outros campos disciplinares que não a odontologia, como por exemplo, a "prototipagem rápida das estruturas" da engenharia aeroespacial - tema de pesquisa de doutorado do implantodontista Mário Saddy, presidente do 24º CIOSP e orientando de Chilvarquer.
O próprio orientador explica a novidade: "você captura com uma tomografia convencional, que dá para fazer em filme, mas existem máquinas que polimerizam uma resina com as mesmas características anatômicas do crânio, da face do paciente, ou de qualquer parte do corpo."
O que Chilvarquer e Saddy verificam é a compatibilidade da prótese baseada em imagem 3D com a face do paciente em tratamento. "A gente está aferindo se as medidas são compatíveis com a anatomia da estrutura que a gente está mapeando."
Leia a primeira parte da entrevista:
Cris Campos, especial para o Portal WWOW - Qual o norte que a radiologia seguirá, do CIOSP 2006 para o de 2007?
Israel Chilvarquer, radiologista - "Com relação à especialidade, nos últimos cinco anos ela teve uma transformação bastante importante. Nós saímos da radiologia pura, que tem mais de 105 anos de existência, para nos dirigirmos para a radiologia digital. Eu estou falando em termos de Brasil. Obviamente, nos Estados Unidos, isso já ocorre há mais tempo, desde 1985. Acredito que hoje, tecnologicamente, boa parte dos profissionais já estão cientes dessa metodologia, que é o uso de meios de diagnósticos com tecnologia digital - que é a tomografia computadorizada, a ressonância magnética, ultra-som. São metodologias utilizadas na medicina há mais de uma década, mas que começaram a ser introduzidas na odontologia, modestamente pela minha pessoa, nos últimos cinco anos.
Em 1989, eu trouxe o primeiro tomógrafo odontológico para o Brasil. Isso era uma linha de pesquisa que eu fazia nos Estados Unidos, onde eu fiz o meu master. Só que, quando eu trouxe, foi com a finalidade de um auxílio ao diagnóstico de um tipo de problema na articulação, que chama articulação têmporo-mandibular - e que é uma das afecções mais difíceis de ser tratadas pelos dentistas. Há uma interdisciplinaridade com o pessoal da medicina, que são os otorrinos, e o dentista tem um fator predisponente no diagnóstico e no tratamento dessas afecções. Só que o grande problema é que a falta de metodologia impedia com que as pessoas fechassem o diagnóstico. Na verdade, quase todo mundo era tratado de forma uniforme, até por conta que não se diferenciava estas patologias ósseas, patologias musculares, chamadas distúrbios intra-capsulares. É como o jogador de futebol que tem problema de menisco. Nós temos um disco, e é só uma questão de nomenclatura, que auxilia o movimento de abertura e fechamento da boca.
Eu trouxe isso para o Brasil, achando que estava trazendo uma coqueluche. Só que um ano depois, em 1988, 1989, entraram no país os implantes osseointegráveis. Aí, de novo, acabou sobrando pra mim, porque os cirurgiões precisavam de um protocolo pra conhecer a anatomia melhor, para poder colocar os implantes. Com a ajuda de alguns notáveis, na área de implante ou de cirurgia, a gente conseguiu montar um protocolo e ensinar, por uns três anos, as pessoas a utilizarem esse método, através de cursos de educação continuada. Eu sou professor universitário na USP e dou cursos de pós-graduação lá também, e tem um curso de especialização na APCD. Só que nesse ínterim, a gente mudou um paradigma mesmo. Porque as pessoas tinham o método e não utilizavam. Existiam as máquinas, nos centros médicos, mas ninguém utilizava por uma razão muito simples: porque ninguém tinha conhecimento de como utilizá-las e de como interpretá-las. Eu tive a felicidade de começar isso em 89 e, depois de 14 ou 15 anos, se propagou. Hoje, a gente vê que existem outros serviços fazendo. E foi muito bom.
Agora, nós estamos entrando numa terceira era, uma outra geração, dos tomógrafos digitas para odontologia. Eu trabalho com tomógrafos médicos e eles custam muito caro, na verdade. E esta é outra coisa que se esbarra, na aquisição para o dentista que normalmente, é inacessível. Então, algumas empresas estão criando metodologias que não é exatamente igual à da área médica, mas que mimetizam e dão resultados semelhantes."
Cris Campos, especial para o Portal WWOW - Esse é o mesmo tomógrafo utilizado pela Nobel Biocare para o Nobel Guide?
Israel Chilvarquer - "O da Nobel é usado o tomógrafo digital, que é o da área médica. Eu inclusive faço para eles esse trabalho. O procedimento é o mesmo. Só que eles estão fazendo agora uma nova tomografia, que se chama tomografia volumétrica, que pega um volume de estruturas e um software fatia ela em todos os planos."
Acompanhe a segunda e última parte da entrevista. Clique aqui.
O Dr. Israel Chilvarquer, um dos mais respeitados radiologistas do Brasil, ministrou concorrido workshop no 24º CIOSP, lotado durante duas manhãs na sede da APCD Santana.
Em entrevista exclusiva ao WWOW, onde terá Coluna de Radiologia, Chilvarquer falou da "transformação" por que passou sua especialidade, nos últimos cinco anos e da sua atuação, como pioneiro no setor.
"Nós saímos da radiologia pura, que tem mais de 105 anos de existência, para nos dirigirmos para a radiologia digital". Para ele, "é o paciente que recebe o maior benefício dessas tecnologias. Por quê? A probabilidade de equívocos é bem menor, as atrogenias, os erros durante procedimentos."
Na era digital, Israel Chilvarquer trata também da importância de sites para os dentistas, como o WWOW, porque "o acesso à informação é a base de tudo". A mídia digital também ajuda o seu trabalho. "É a oportunidade de todo mundo ter acesso a informações que naturalmente são impossíveis, em condições normais, porque nem todo mundo tem acesso aos journals internacionais. Desta forma, isso fica mais fácil. E com alguns opinion leaders (líderes de opinião), acredito que isso vai contribuir para todo mundo."
Desde 1989
A captura da imagem em alta resolução, tridimensional, revoluciona a odontologia ao ponto de promover estudos sobre a aplicação de técnicas da engenharia aeroespacial, como a "prototipagem rápida das estruturas" - tema de pesquisa coordenada por Chilvarquer.
Na sua fala sobre tecnologia de ponta, o radiologista destacou a importância de a odontologia contar hoje com a força do diagnóstico por imagem com tecnologia digital, viabilizado pelos mais avançados exames - como tomografia computadorizada, a ressonância magnética e o ultra-som. Mas Chilvarquer lembra que o início não foi fácil, devido à complexidade do desafio que ele ajudou a vencer no Brasil.
De acordo com o professor da USP, "existiam as máquinas, nos centros médicos, mas ninguém utilizava por uma razão muito simples: porque ninguém tinha conhecimento de como utilizá-las e de como interpretá-las. Eu tive a felicidade de começar isso em 89 e, depois de 14 ou 15 anos, se propagou."
Prototipagem
Israel Chilvarquer afirma que a evolução da radiologia aponta para uma "terceira era, uma outra geração, dos tomógrafos digitas para odontologia". Aparelhos que viabilizam a adaptação de metodologias de outros campos disciplinares que não a odontologia, como por exemplo, a "prototipagem rápida das estruturas" da engenharia aeroespacial - tema de pesquisa de doutorado do implantodontista Mário Saddy, presidente do 24º CIOSP e orientando de Chilvarquer.
O próprio orientador explica a novidade: "você captura com uma tomografia convencional, que dá para fazer em filme, mas existem máquinas que polimerizam uma resina com as mesmas características anatômicas do crânio, da face do paciente, ou de qualquer parte do corpo."
O que Chilvarquer e Saddy verificam é a compatibilidade da prótese baseada em imagem 3D com a face do paciente em tratamento. "A gente está aferindo se as medidas são compatíveis com a anatomia da estrutura que a gente está mapeando."
Leia a primeira parte da entrevista:
Cris Campos, especial para o Portal WWOW - Qual o norte que a radiologia seguirá, do CIOSP 2006 para o de 2007?
Israel Chilvarquer, radiologista - "Com relação à especialidade, nos últimos cinco anos ela teve uma transformação bastante importante. Nós saímos da radiologia pura, que tem mais de 105 anos de existência, para nos dirigirmos para a radiologia digital. Eu estou falando em termos de Brasil. Obviamente, nos Estados Unidos, isso já ocorre há mais tempo, desde 1985. Acredito que hoje, tecnologicamente, boa parte dos profissionais já estão cientes dessa metodologia, que é o uso de meios de diagnósticos com tecnologia digital - que é a tomografia computadorizada, a ressonância magnética, ultra-som. São metodologias utilizadas na medicina há mais de uma década, mas que começaram a ser introduzidas na odontologia, modestamente pela minha pessoa, nos últimos cinco anos.
Em 1989, eu trouxe o primeiro tomógrafo odontológico para o Brasil. Isso era uma linha de pesquisa que eu fazia nos Estados Unidos, onde eu fiz o meu master. Só que, quando eu trouxe, foi com a finalidade de um auxílio ao diagnóstico de um tipo de problema na articulação, que chama articulação têmporo-mandibular - e que é uma das afecções mais difíceis de ser tratadas pelos dentistas. Há uma interdisciplinaridade com o pessoal da medicina, que são os otorrinos, e o dentista tem um fator predisponente no diagnóstico e no tratamento dessas afecções. Só que o grande problema é que a falta de metodologia impedia com que as pessoas fechassem o diagnóstico. Na verdade, quase todo mundo era tratado de forma uniforme, até por conta que não se diferenciava estas patologias ósseas, patologias musculares, chamadas distúrbios intra-capsulares. É como o jogador de futebol que tem problema de menisco. Nós temos um disco, e é só uma questão de nomenclatura, que auxilia o movimento de abertura e fechamento da boca.
Eu trouxe isso para o Brasil, achando que estava trazendo uma coqueluche. Só que um ano depois, em 1988, 1989, entraram no país os implantes osseointegráveis. Aí, de novo, acabou sobrando pra mim, porque os cirurgiões precisavam de um protocolo pra conhecer a anatomia melhor, para poder colocar os implantes. Com a ajuda de alguns notáveis, na área de implante ou de cirurgia, a gente conseguiu montar um protocolo e ensinar, por uns três anos, as pessoas a utilizarem esse método, através de cursos de educação continuada. Eu sou professor universitário na USP e dou cursos de pós-graduação lá também, e tem um curso de especialização na APCD. Só que nesse ínterim, a gente mudou um paradigma mesmo. Porque as pessoas tinham o método e não utilizavam. Existiam as máquinas, nos centros médicos, mas ninguém utilizava por uma razão muito simples: porque ninguém tinha conhecimento de como utilizá-las e de como interpretá-las. Eu tive a felicidade de começar isso em 89 e, depois de 14 ou 15 anos, se propagou. Hoje, a gente vê que existem outros serviços fazendo. E foi muito bom.
Agora, nós estamos entrando numa terceira era, uma outra geração, dos tomógrafos digitas para odontologia. Eu trabalho com tomógrafos médicos e eles custam muito caro, na verdade. E esta é outra coisa que se esbarra, na aquisição para o dentista que normalmente, é inacessível. Então, algumas empresas estão criando metodologias que não é exatamente igual à da área médica, mas que mimetizam e dão resultados semelhantes."
Cris Campos, especial para o Portal WWOW - Esse é o mesmo tomógrafo utilizado pela Nobel Biocare para o Nobel Guide?
Israel Chilvarquer - "O da Nobel é usado o tomógrafo digital, que é o da área médica. Eu inclusive faço para eles esse trabalho. O procedimento é o mesmo. Só que eles estão fazendo agora uma nova tomografia, que se chama tomografia volumétrica, que pega um volume de estruturas e um software fatia ela em todos os planos."
Acompanhe a segunda e última parte da entrevista. Clique aqui.