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9/5/2025
 
Matéria

- Odontopediatria
Uma nova visão da Odontopediatria - Parte II

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Acompanhe a segunda e última parte da entrevista com o odontopediatra e professor da FOUSP Marcelo Bönecker concedida ao Portal WWOW durante o 24º CIOSP ocorrido entre os dias 28 de janeiro e 01 de fevereiro deste ano. Ele fala de tecnologia, do estágio da especialidade e da sua satisfação no exercício da profissão.

 

Cris Campos, especial para o Portal WWOW - Onde está o caminho do meio para o profissional, entre a alta tecnologia, a qualidade de vida e pacientes cada vez mais informados?
Marcelo Bönecker - "Obviamente, a gente tem uma parcela da população que tem acesso a todos os recursos e uma parcela muito pequena dos profissionais que pode oferecer todos esses recursos. Então, por exemplo, a gente está falando de laser, mas a gente usa isso dentro dos centros de laser. Raras são as pessoas que têm isso dentro do consultório. Os que têm são os de baixa potência. Então, cabe ao profissional oferecer ao paciente as opções de tratamento que ele considera fáceis de viabilizar, mas eu acho que a decisão sempre não é normativa, não é do profissional, ela é do paciente.
Quando a gente trabalha, que é o nosso caso, dentro da odontopediatria com paciente infantil, a gente tem que perguntar pro paciente infantil, pro núcleo familiar. E eu queria te dizer uma coisa: eu acho que a alta tecnologia não é sinônimo sempre de ótimo tratamento. A gente tem que contar com todos os recursos, a tecnologia de ponta, obviamente. Mas tem muitas coisas que a gente pode resolver com o próprio fluxo natural da doença. A gente trabalha com criança, com crescimento e desenvolvimento e, muitas vezes, esse crescimento da cabeça e da cavidade bucal vem a nosso favor. E eu acho que as alternativas simples muitas vezes são as mais efetivas. Obviamente, quando todos os recursos simples estão esgotados, aí você pensa nos tecnológicos de ponta, num caso mais difícil. Mas eu diria para você que, dentro da odontopediatria, a gente tem convivido muito bem com os recursos tecnológicos normais, sem grandes tecnologias de ponta."

Cris Campos, especial para o Portal WWOW - E é mais difícil ser odontopediatra hoje?
Marcelo Bönecker - "Eu diria para você que talvez não. Aí é que a gente tem o grande ganho. Na verdade, a odontopediatria hoje está tão baseada em conhecimentos fora da técnica odontológica, que isso, de uma certa forma, viabiliza o tratamento com muito mais qualidade, tanto para o profissional, quanto para o paciente. O que eu quero dizer com isso? Os precursores da odontopediatria tiveram muito mais dificuldade, há vinte, trinta anos atrás. Primeiro, pela falta do conhecimento da questão psicológica e da abordagem profissional do paciente. Segundo, que os recursos tecnológicos da época eram extremamente limitados. Hoje, a gente teve um avanço em todas as áreas, que contribuíram para o tratamento odontopediátrico ser muito satisfatório.
A gente percebe, por exemplo, casos de crianças que têm algum tipo de receio, um traumatismo, de não querer buscar o tratamento, e pela própria possibilidade, flexibilidade do profissional se aprofundar nas questões de relações humanas e psicologia, a gente tem um sucesso muito maior. É muito mais fácil ser odontopediatra hoje, por um lado, do que antigamente, em função disso.
Agora, cabe também fazer a seguinte colocação: o comportamento da sociedade hoje é muito diferente de anos atrás. Talvez há alguns anos atrás, as crianças fossem mais comportadas, criadas dentro de uma sociedade mais homogênea e harmônica. Os problemas atuais hoje fazem com que as nossas crianças apresentem desvios de comportamento com muita facilidade. Eu chamaria desvio de comportamento a hiperatividade, a timidez, os problemas emocionais, as questões de dificuldades emocionais porque o pai ou a mãe negligenciam, ou não são afetivos. Enfim, como a sociedade também toda mudou, essa harmonia está muito desequilibrada, está muito irregular. A gente tem percebido que as crianças vêm pra nós com disfunções, eu diria talvez quadros psicológicos um pouco mais graves do que antigamente.
Antigamente, pela própria célula da família, o núcleo familiar e a sociedade mais harmônica, as pessoas tinham menos distúrbios comportamentais, eu diria. Isso, por outro lado, é mais difícil. Os adultos também. Mas eu posso falar da odontopediatria. Mas como a gente, por outro lado, tem mais recursos, mais conhecimentos, mais informação, eu acho que é o preço da evolução."

Cris Campos, especial para o Portal WWOW - E o que é mais gratificante?
Marcelo Bönecker - "O mais gratificante de tudo é sempre você poder fazer bem, com um recurso simples, com o que você tem e ter a satisfação do paciente da odontopediatria. A criança, de uma maneira geral, ela tem um relacionamento social muito vasto - ela pertence a uma escola, a um grupo de amigos no bairro - e a questão da estética e da função na cavidade bucal, muitas vezes, mutila essa criança. Então, ela fica envergonhada, tem os amigos que fazem gozação - 'é o vampiro' - e tem essa questão. Aqui no Brasil, a gente não tem uma palavra muito específica para isso. A criança é muito caçoada. No inglês, tem a palavra bully, que você está mexendo com a criança, está prejudicando a criança no sentido moral e, às vezes, físico, porque você empurra a criança, você fala 'olha, o vampiro'. Essa coisa de mexer com a estrutura do outro.
Eu acho que a odontopediatria, na medida em que ela se propõe a recuperar toda um função bucal, estética, funcional, ela devolve para a criança uma questão de autoconfiança, de sociabilidade muito importante. Então, a gente tem o prazer de ver essa criança como ela muda, socialmente, psicologicamente e nutricionalmente também, porque ela passa a se alimentar melhor. O melhor de tudo é recuperar um caso como esse, eu acho que é bem bacana. E o universo infantil, né?"

Se você não teve a oportunidade de ver a primeira parte da entrevista, aproveite e clique aqui!

 

Acompanhe a segunda e última parte da entrevista com o odontopediatra e professor da FOUSP Marcelo Bönecker concedida ao Portal WWOW durante o 24º CIOSP ocorrido entre os dias 28 de janeiro e 01 de fevereiro deste ano. Ele fala de tecnologia, do estágio da especialidade e da sua satisfação no exercício da profissão.

 

Cris Campos, especial para o Portal WWOW - Onde está o caminho do meio para o profissional, entre a alta tecnologia, a qualidade de vida e pacientes cada vez mais informados?
Marcelo Bönecker - "Obviamente, a gente tem uma parcela da população que tem acesso a todos os recursos e uma parcela muito pequena dos profissionais que pode oferecer todos esses recursos. Então, por exemplo, a gente está falando de laser, mas a gente usa isso dentro dos centros de laser. Raras são as pessoas que têm isso dentro do consultório. Os que têm são os de baixa potência. Então, cabe ao profissional oferecer ao paciente as opções de tratamento que ele considera fáceis de viabilizar, mas eu acho que a decisão sempre não é normativa, não é do profissional, ela é do paciente.
Quando a gente trabalha, que é o nosso caso, dentro da odontopediatria com paciente infantil, a gente tem que perguntar pro paciente infantil, pro núcleo familiar. E eu queria te dizer uma coisa: eu acho que a alta tecnologia não é sinônimo sempre de ótimo tratamento. A gente tem que contar com todos os recursos, a tecnologia de ponta, obviamente. Mas tem muitas coisas que a gente pode resolver com o próprio fluxo natural da doença. A gente trabalha com criança, com crescimento e desenvolvimento e, muitas vezes, esse crescimento da cabeça e da cavidade bucal vem a nosso favor. E eu acho que as alternativas simples muitas vezes são as mais efetivas. Obviamente, quando todos os recursos simples estão esgotados, aí você pensa nos tecnológicos de ponta, num caso mais difícil. Mas eu diria para você que, dentro da odontopediatria, a gente tem convivido muito bem com os recursos tecnológicos normais, sem grandes tecnologias de ponta."

Cris Campos, especial para o Portal WWOW - E é mais difícil ser odontopediatra hoje?
Marcelo Bönecker - "Eu diria para você que talvez não. Aí é que a gente tem o grande ganho. Na verdade, a odontopediatria hoje está tão baseada em conhecimentos fora da técnica odontológica, que isso, de uma certa forma, viabiliza o tratamento com muito mais qualidade, tanto para o profissional, quanto para o paciente. O que eu quero dizer com isso? Os precursores da odontopediatria tiveram muito mais dificuldade, há vinte, trinta anos atrás. Primeiro, pela falta do conhecimento da questão psicológica e da abordagem profissional do paciente. Segundo, que os recursos tecnológicos da época eram extremamente limitados. Hoje, a gente teve um avanço em todas as áreas, que contribuíram para o tratamento odontopediátrico ser muito satisfatório.
A gente percebe, por exemplo, casos de crianças que têm algum tipo de receio, um traumatismo, de não querer buscar o tratamento, e pela própria possibilidade, flexibilidade do profissional se aprofundar nas questões de relações humanas e psicologia, a gente tem um sucesso muito maior. É muito mais fácil ser odontopediatra hoje, por um lado, do que antigamente, em função disso.
Agora, cabe também fazer a seguinte colocação: o comportamento da sociedade hoje é muito diferente de anos atrás. Talvez há alguns anos atrás, as crianças fossem mais comportadas, criadas dentro de uma sociedade mais homogênea e harmônica. Os problemas atuais hoje fazem com que as nossas crianças apresentem desvios de comportamento com muita facilidade. Eu chamaria desvio de comportamento a hiperatividade, a timidez, os problemas emocionais, as questões de dificuldades emocionais porque o pai ou a mãe negligenciam, ou não são afetivos. Enfim, como a sociedade também toda mudou, essa harmonia está muito desequilibrada, está muito irregular. A gente tem percebido que as crianças vêm pra nós com disfunções, eu diria talvez quadros psicológicos um pouco mais graves do que antigamente.
Antigamente, pela própria célula da família, o núcleo familiar e a sociedade mais harmônica, as pessoas tinham menos distúrbios comportamentais, eu diria. Isso, por outro lado, é mais difícil. Os adultos também. Mas eu posso falar da odontopediatria. Mas como a gente, por outro lado, tem mais recursos, mais conhecimentos, mais informação, eu acho que é o preço da evolução."

Cris Campos, especial para o Portal WWOW - E o que é mais gratificante?
Marcelo Bönecker - "O mais gratificante de tudo é sempre você poder fazer bem, com um recurso simples, com o que você tem e ter a satisfação do paciente da odontopediatria. A criança, de uma maneira geral, ela tem um relacionamento social muito vasto - ela pertence a uma escola, a um grupo de amigos no bairro - e a questão da estética e da função na cavidade bucal, muitas vezes, mutila essa criança. Então, ela fica envergonhada, tem os amigos que fazem gozação - 'é o vampiro' - e tem essa questão. Aqui no Brasil, a gente não tem uma palavra muito específica para isso. A criança é muito caçoada. No inglês, tem a palavra bully, que você está mexendo com a criança, está prejudicando a criança no sentido moral e, às vezes, físico, porque você empurra a criança, você fala 'olha, o vampiro'. Essa coisa de mexer com a estrutura do outro.
Eu acho que a odontopediatria, na medida em que ela se propõe a recuperar toda um função bucal, estética, funcional, ela devolve para a criança uma questão de autoconfiança, de sociabilidade muito importante. Então, a gente tem o prazer de ver essa criança como ela muda, socialmente, psicologicamente e nutricionalmente também, porque ela passa a se alimentar melhor. O melhor de tudo é recuperar um caso como esse, eu acho que é bem bacana. E o universo infantil, né?"

Se você não teve a oportunidade de ver a primeira parte da entrevista, aproveite e clique aqui!

 

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